“Cadê nosso direito de ir e vir?”, diz família de jovem preso no Rio
Parentes protestam por prisão injusta do rapaz; Yago Corrêa foi detido no domingo (6) na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio
atualizado
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Rio de Janeiro – Familiares de Yago Corrêa de Souza, de 21 anos, detido no Jacarezinho, favela da zona norte do Rio, após comprar pão, foram ao Presídio de Benfica na manhã desta terça-feira (8/2) para a audiência de custódia do jovem. No local, protestaram pela prisão injusta do rapaz.
Nos cartazes, os parentes estampam falas como: “cadê o nosso direito de ir e vir?”, “vamos descolonizar o Brasil” e “que país é esse?”.
“Somos pretos, pobres, moramos na favela porque não temos oportunidade de ter uma casa melhor e somos taxados de vagabundos, mas somos pessoas trabalhadoras, de bem”, diz Erica Corrêa, irmã de Yago.
Yago foi preso no último domingo (6/2) em uma ação contra o tráfico de drogas. No entanto, parentes e testemunhas alegam que o jovem tinha apenas ido à padaria comprar pão para um churrasco.
Ao avistar uma confusão envolvendo policiais militares na rua, o jovem correu para uma farmácia, onde foi detido por um agente.
“A família está revoltada, angustiada, indignada. Isso é algo do racismo estrutural que temos na sociedade brasileira. Todo morador de favela negro é bandido para a polícia, infelizmente”, afirma o advogado de Yago, Vivaldo Lúcio, ao Metrópoles.
“Meu irmão está passando por um momento de saúde debilitado, está com tuberculose. Ele vem se tratando, e está impossibilitado de tomar esse remédio desde o dia da prisão, desde domingo”, conta Erica.
Lugar errado, na hora errada
Apesar da afirmação da corporação de que Yago portava drogas no momento em que foi detido, um despacho da 25ª DP desta segunda-feira (7/2) cita que os agentes da delegacia conversaram “informalmente” com o jovem e tiveram impressão de que ele estivesse “no lugar errado, na hora errada”.
Com isso, o delegado que analisou o caso se manifestou pela soltura de Yago e orientou que a família leve o documento com a representação na audiência de custódia do rapaz, que vai acontecer no Presídio de Benfica a partir das 13h.
“Estamos aqui agora para tentar reestabelecer a liberdade do menino”, pontua Vivaldo.