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“Cadê minha filha?”, diz mãe de jovem trans que sumiu há quase 80 dias

Mãe de Alícia Marques vive dias de desespero após sumiço em Aparecida de Goiânia. “Tenho medo demais de terem feito alguma maldade com ela”

atualizado

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Trans desaparecida Alicia Fabricia Goias
1 de 1 Trans desaparecida Alicia Fabricia Goias - Foto: Vinicius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Uma vez por semana a diarista Fabrícia Pereira, de 40 anos, troca a roupa de cama do quarto da filha Alícia Marques, de 18 anos. No entanto, nas últimas 11 semanas, a jovem não pode aproveitar a maciez e o perfume do lençol novo, como ela gostava. Mas Fabrícia jamais deixou de trocar.

“Quem sabe, o dia em que ela chegar, a cama estará lá. As roupas, os sapatos, do jeito que ela deixou”, disse a diarista ao Metrópoles.

9 imagens
Fabrícia diz que sente apenas desespero e solidão, após sumiço de filha
Mãe espalhou cartazes pela cidade, em busca de filha desaparecida
Diarista Fabrícia arruma quarto da filha desaparecida
Mãe cuida de roupas e sapatos de filha desaparecida em Goiás
Roupas, maquiagens e foto de formatura de jovem desaparecida
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"Era minha melhor amiga", diz mãe sobre filha desaparecida

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Fabrícia diz que sente apenas desespero e solidão, após sumiço de filha

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Mãe espalhou cartazes pela cidade, em busca de filha desaparecida

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Diarista Fabrícia arruma quarto da filha desaparecida

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Mãe cuida de roupas e sapatos de filha desaparecida em Goiás

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Roupas, maquiagens e foto de formatura de jovem desaparecida

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Mãe vive meses em desespero, após sumiço de filha

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"Parece que estou vivendo dentro de um buraco", diz mãe de trans desaparecida em Goiás

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Fabrícia era muito próxima de Alícia, filha desaparecida

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Alícia Marques (nome de registro: Edmar Gustavo Marques Pereira) é uma estudante trans desaparecida desde o dia 12 de fevereiro deste ano, um sábado. Ela foi vista pela última vez saindo de casa por volta das 21h, no bairro Jardim Helvécia, em Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital de Goiás.

“Ela se arrumou para sair, igual ela fazia quando saía sábado à noite. Ela falou: ‘Mãe, já tô indo’. Eu respondi: ‘Vai com Deus’”.

Onde está Alícia?

A jovem de cabelos vermelhos saiu com uma calça jeans clara, uma bota preta de salto e um cropped abóbora. Fabrícia disse que não era comum a filha dormir fora e sempre costumava ser vista no quarto dormindo, na manhã seguinte.

No domingo, quando Fabrícia percebeu que Alícia não tinha voltado, mandou uma mensagem pelo WhatsApp para o contato da filha: “Menina, você não tem casa não?”. Essa mensagem nunca chegou. A diarista foi na delegacia na segunda-feira seguinte para comunicar o desaparecimento.

“Tenho muito medo. Existe muito preconceito. Tenho medo demais de terem feito alguma maldade com ela. A Alícia não tinha inimigos, que eu saiba”, relatou a diarista.

Pistas e indícios

Fabrícia ainda não descobriu qual era o destino de Alícia na noite em que ela desapareceu. Além da investigação policial, a diarista corre atrás de informações por conta própria. Não foi encontrada nenhuma imagem de câmeras que captou a jovem no bairro. Nenhum morador viu ela naquela noite, mesmo sendo conhecida na região, onde a família mora há 40 anos.

Com ajuda da tecnologia, Fabrícia conseguiu achar o ponto em que o celular de Alícia esteve ligado pela última vez. Foi na mesma região que a família mora, no Jardim Dom Bosco, por volta das 23h do mesmo dia do desaparecimento.

Fabrícia foi imediatamente até essa vizinhança e andou por várias ruas, procurou câmeras e anunciou o sumiço em grupos de moradores. As informações foram repassadas para a Polícia Civil, que realizou trabalhos na região, segundo a família.

Um proprietário de uma distribuidora de bebidas disse que ela teria passado por lá, mas câmeras não teriam captado esse momento. Outra pessoa disse que viu Alícia com duas mulheres de cabelo cacheado em uma feira do Jardim Alto Paraíso, que faz divisa com o Dom Bosco, mas não foram encontrados indícios da jovem no local.

Solidão

O desaparecimento de Alícia pesa muito na vida de Fabrícia, que tem a filha como parceira e melhor amiga. A diarista ainda tem a companhia de outra filha, de 23 anos, e de três netas, de 6, 8 e 10 anos. É uma casa formada por mulheres.

“O Gustavo já nasceu mulher. É o amor da minha vida. (…). Parece que estou vivendo dentro de um buraco, porque minha vida está se resumindo a isso: Desespero total, solidão total. Eu vou te falar a verdade, tem dia que não tenho esperança de encontrá-la viva. Tem dia que fico em um desespero só. Mas tem dia que algo lá dentro do coração fala: ‘Calma, não acabou ainda’”.

A investigação do desaparecimento de Alícia está sendo feita pelo 1º Distrito Policial (1º DP) de Aparecida de Goiânia. A delegada responsável pelo caso, Luiza Veneranda, informou ao Metrópoles que as investigações estão em andamento e que o caso é tratado com prioridade. No entanto, ela explicou que não pode dizer detalhes para não atrapalhar a apuração.

Na próxima terça (3/3) completam-se 80 dias do desaparecimento da jovem.

Informações sobre o paradeiro de Alícia podem ser repassadas para a família de Alícia e para a Polícia Civil, pelos números (62) 9 9567-6484 e (62) 3201-2299.

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