Cacique Raoni: “Bolsonaro é mentiroso. É doido”
Para o líder indígena, o que o presidente faz é um “incentivo para as pessoas que estão queimando a Amazônia”
atualizado
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Atacado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante discurso na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (24/09/2019) da semana passada, em Nova York, o cacique caiapó e líder indígena Raoni Metuktire reagiu às provocações, neste domingo (29/09/2019), em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo: “Bolsonaro é mentiroso. Ele é doido”.
A declaração do cacique foi em resposta à repórter, que perguntou se ele sabia porque o presidente afirmou, na ONU, que o indígena havia sido “cooptado e usado como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”.
De acordo com o caiapó, Bolsonaro não sabe do que fala. “Ele nunca conheceu minha luta, a minha história”, ressaltou. Para ele, o que o presidente faz é um “incentivo para as pessoas que estão queimando a Amazônia”.
O programa abriu a reportagem ressaltando que Raoni tem um “longo histórico de defesa dos povos indígenas e é um líder reconhecido mundialmente há décadas”.
A reportagem informou, ainda, que o cantor britânico Sting, após os ataques de Bolsonaro, ligou para Raoni em solidariedade. E mostrou o cacique em audiências com ministros, presidentes, príncipes e outras lideranças mundiais, como o papa.
Apoio dos caciques
Na volta ao Brasil, após a assembleia da ONU, Bolsonaro voltou a atacar o líder indígena. “Não existe mais o monopólio do Raoni. O Raoni fala outra língua, não fala a nossa língua. É uma pessoa que tem a idade avançada. Nós vamos respeitá-lo como cidadão, mas ele não fala pelos índios. Cada tribo indígena tem um cacique”.
Foi a vez de a reportagem exibir depoimentos de alguns caciques, como o líder yanomami Davi Kopenawa, que também se solidarizaram com Raoni e defenderam sua indicação para o Prêmio Nobel da Paz.