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“Cabelo de vassoura”: ex-modelo denuncia racismo e homofobia em Goiás

O ex-modelo, que atualmente tem uma loja virtual de calçados, relata que teve dificuldade para denunciar as agressões à Polícia Civil

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goias ex-modelo denuncia racismo homofobia
1 de 1 goias ex-modelo denuncia racismo homofobia - Foto: Reprodução/Instagram

Goiânia – O empreendedor e ex-modelo Neto Rodrigues, de 23 anos, denuncia que recebeu mensagens de cunho racista e homofóbico de um cliente. Segundo ele, foi chamado de “negão” e “cabelo de vassoura de limpar casa”. Apesar de ter registrado o caso na Polícia Civil de Goiás, o jovem também afirma houve dificuldade para a denúncia por parte da corporação.

O caso aconteceu em Anápolis, a cerca de 55 km da capital goiana. Ao Metrópoles, Neto contou que foi elogiado e ofendido nas mensagens enviadas pelo cliente. “Esse negão aí, cabelo de vassoura de limpar casa. Ele é até bonitão, mas queima“, disse o homem.

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A vítima denuncia ainda que enfrentou dificuldades para registrar o caso na Polícia Civil
O empresário conta que foi ofendido por um cliente
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Neto conta que foi chamado de "cabelo de vassoura de limpar casa"

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A vítima denuncia ainda que enfrentou dificuldades para registrar o caso na Polícia Civil

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O empresário conta que foi ofendido por um cliente

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Neto foi Mister Anápolis Teen no ano de 2018. Atualmente, ele tem uma loja de calçados on-line. Conforme o relato dele ao site, o cliente teria conseguido contato com ele por meio do estabelecimento. “Eu tenho uma loja de calçados on-line, e esse cliente chegou por meio da loja. Ele sempre perguntava os preços dos tênis, orçava comigo, mas nunca chegou a comprar”, diz o empreendedor.

Mensagens apagadas

Neto contou ao Metrópoles que não sabe ao certo o que aconteceu, mas acredita que o cliente tenha se confundido na hora de encaminhar as mensagens.

“Acho que ele foi mandar mensagem para alguém, eu não consegui entender o que ele estava querendo fazer, mas ele acabou enviando a mensagem para mim mesmo. No texto ele me elogiava e me ofendia, usou um termo racista e um homofóbico. Eu printei a tempo, mas ele apagou as mensagens e depois desconversou. Como eu não respondi, ele me bloqueou”, diz o empresário.

O ex-modelo afirma que o cliente poderia ter tentado reverter a situação, se explicado, pedido desculpas, no entanto, isso não aconteceu. “Ele teve a chance de se desculpar, poderia ter tentado de outras formas, mas ele preferiu me bloquear. Então agora eu quero resolver judicialmente”, completa.

Indignação

Segundo Neto, depois de pediu orientações a um advogado, ele foi instruído a registrar um boletim de ocorrência para denunciar o caso. Porém, ele relata que as coisas não aconteceram conforme o esperado.

“Eu fui à delegacia ainda na terça-feira (16/11), mas não consegui registrar o caso. Tive que voltar lá ontem (18/11), mas teve muita dificuldade, eles dificultaram muito o trabalho. Eu estou muito frustrado com as pessoas que a gente deveria buscar abrigo, essas pessoas não nos ajudam. A minha indignação é porque eu sofri um preconceito racial e o boletim foi escrito de forma errada. Não foram informadas todas as agressões que eu sofri, não falaram do meu cabelo, eu achei um descaso, onde deveriam estar me ajudando, eles tentaram me desmotivar várias vezes”.

Ainda de acordo com o empresário, o sentimento de indignação é ainda maior pelo descaso da polícia. “O sentimento de indignação não é só pela situação. A polícia deveria estar apta a ajudar, mas isso mostra falta de conhecimento, falta de entender as pessoas”, destaca ele.

Neto afirmou que nunca havia passado por situação semelhante a essa. Ele contou que por ter trabalhado como vendedor, já tinha sofrido com clientes que não quiseram ser atendidos por ele, contudo, nunca havia passado por um ataque direto.

“É a primeira vez que sou agredido diretamente assim, mas eu vou movimentar até quando puder, vou até o fim, para que todos saibam que isso é crime e é passível de punição”, finaliza o ex-modelo.

O advogado de Neto, Vitor Cardoso, destaca que, infelizmente, o Brasil segue liderando as estatísticas de preconceito racial. “É preciso agravar as penalidades aplicáveis aos casos de preconceito de toda e qualquer natureza. Nossa sociedade já está cansada de clamar por justiça e não obter uma rápida e efetiva solução perante o Poder Judiciário, o que na maioria dos casos desestimula as vítimas na busca de seus direitos”, justifica.

Combate a crimes de intolerância

Por meio de nota, a Polícia Civil de Goiás informou que os servidores da corporação recebem treinamento para atendimento qualificado às vítimas vulneráveis.

De acordo com a corporação, seus servidores recebem treinamento para atendimento às vítimas vulneráveis. “O procedimento foi devidamente registrado e algumas diligências, já realizadas pela Delegacia de Polícia de Anápolis. A Polícia Civil esclarece ainda que não houve declarações dos policiais, no ato do atendimento, de que o caso a ser registrado ‘não era grande coisa'”, informou.

A PCGO destacou que tem trabalhado no combate aos crimes de intolerância e homofobia em Goiás. “Tanto que, em razão da atenção que dá as infrações penais desta seara, criou neste ano uma unidade especializada – o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri)”, acrescentou.

O Metrópoles não conseguiu informações a respeito da identidade do homem que teria sido autor das declarações relacionadas com Neto Rodrigues. Nesse sentido, não foi possível consultar sua posição a respeito do caso.

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