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Butantan tenta exportar 15 milhões de doses encalhadas da Coronavac

Após o Ministério da Saúde se recusar a comprar a vacina, estoque está parado e ainda sem destino. As aplicações vencem em agosto de 2022

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Dose da vacina CoronaVac contra Covid-19
1 de 1 Dose da vacina CoronaVac contra Covid-19 - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

São Paulo – Com 15 milhões de doses de Coronavac sem destino definido, o Instituto Butantan tem a esperança de conseguir vendê-las para outros países, disse o diretor da entidade, Dimas Covas, nessa terça-feira (7/12).

O desafio, porém, é que as nações da América Latina com as quais o instituto negocia têm tido dificuldades financeiras para custear as vacinas. Agora, uma das estratégias é tratar também com a África.

“Estamos em negociação com outros países, em conversas com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) através do mecanismo Covax, e agora com este problema na África estamos olhando para o continente, para tentar a possibilidade de usar estas vacinas lá neste momento crítico da pandemia”, afirmou Covas, em conversa com jornalistas.

As 15 milhões de aplicações hoje encalhadas vencem em agosto de 2022, e, por conta do estoque, desde outubro, o Butantan pausou a produção. Caso firme novos contratos, seja com outras nações ou diretamente com os estados, garante que tem capacidade de produzir  mais lotes.

Ministério da Saúde

Na última segunda (6/12), o Ministério da Saúde respondeu a um ofício do Butantan informando que a Coronavac não vai mais ser comprada neste ano, e nem será incluída na campanha contra a Covid-19 em 2022.

O governo federal diz que a imunização de toda a população está garantida com a Pfizer e a AstraZeneca, que têm o registro definitivo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante feito pela Sinovac em parceria com o Butantan, por sua vez, possui apenas a autorização de uso emergencial da agência.

Covas explicou que a maior dificuldade para vender a Coronavac aos outros países da América Latina é a falta de recursos financeiros.

“Essas vacinas têm custo e esses países não estão conseguindo arcar com ele. Com exceção do Chile, da Argentina e do Uruguai, que adquiriram grandes quantidades de vacina, os demais dependem das vacinas do Covax”, exemplificou.

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A Coronavac é uma das vacinas contra a Covid-19 e foi desenvolvida pelo Butantan
Centro de produção da vacina Coronavac no Instituto Butantan, zona oeste de São Paulo
Em um ambiente com pouca luz, começa a inspeção manual
As últimas etapas são rotulagem e outro processo de controle de qualidade, que dura cerca de 14 dias
O envase da Coronavac tem início em uma sala completamente fechada com temperatura controlada em torno de 20ºC
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Testes da vacina da Coronavac são feitas no Instituto Butantan, em São Paulo

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A Coronavac é uma das vacinas contra a Covid-19 e foi desenvolvida pelo Butantan

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Centro de produção da vacina Coronavac no Instituto Butantan, zona oeste de São Paulo

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Em um ambiente com pouca luz, começa a inspeção manual

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As últimas etapas são rotulagem e outro processo de controle de qualidade, que dura cerca de 14 dias

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O envase da Coronavac tem início em uma sala completamente fechada com temperatura controlada em torno de 20ºC

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A farmacêutica Sinovac disponibilizou ao Covax 100 milhões de doses, distribuídas a cerca de 60 países em todo o mundo. O Butantan, porém, só pode oferecer os imunizantes de forma comercial fora deste acordo. O Chile, por exemplo, imunizou a maior parte de sua população com a Coronavac, mas possui um acordo direto com a empresa chinesa.

“Decisão lamentável”

Dimas Covas disse ter achado a decisão do governo federal “estranha” e afirmou não saber a razão pela qual a Coronavac acabou descartada.

“Os motivos o próprio ministério é quem deve explicar, mas eu acho muito estranho, uma decisão lamentável, um erro, porque a Coronavac foi a vacina que enfrentou esta pandemia no período mais dramático no início deste ano, salvou milhões de vida e está dando uma grande contribuição ao enfrentamento da pandemia. É a vacina mais usada no mundo”, disse.

Questionado sobre o fato do antígeno do Butantan não ter registro definitivo da Anvisa, Covas explica que isso é apenas uma “desculpa” para o governo federal não adquirir novas doses. “A vacina está autorizada para uso emergencial enquanto durar a pandemia, a pandemia não acabou e não vai acabar no ano que vem, então é apenas retórica do ministério para justificar a sua escolha”, criticou.

A Coronavac foi a primeira vacina contra a Covid-19 a ser aplicada nos brasileiros. Entre janeiro e maio deste ano, foi o imunizante mais utilizado no país – e, só depois, acabou ultrapassado pela AstraZeneca e posteriormente pela Pfizer. Neste mesmo período, o país enfrentou o pior momento da pandemia, com a segunda onda causando uma média móvel de mais de 2 mil mortes diárias. Em alguns dias de abril, o país chegou a mais de 4 mil mortes por dia.

Grande parte dos profissionais de saúde e idosos do Brasil foram imunizados pela Coronavac. Desde antes de ser distribuída, porém, tornou-se alvo de críticas do presidente da República e seus apoiadores, que se referiam a ela como “vacina chinesa”. O mandatário disse que não a compraria e que ela tinha a “eficácia lá embaixo”.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o Instituto Butantan já cumpriu com a totalidade do contrato para a entrega de 100 milhões de doses da vacina Coronavac e, para 2022, a pasta “contará com um saldo remanescente de 134 milhões de imunizantes de 2021, somada à aquisição de 100 milhões de doses da Pfizer e 120 milhões de AstraZeneca”. 

“Essas duas vacinas fora escolhidas por terem o registro definitivo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a aprovação por parte da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec)”, acrescentou a pasta.

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