Butantan firma acordo para produzir remédios para doenças autoimunes
Com transferência de tecnologia, Instituto Butantan poderá fornecer dois medicamentos ao SUS a custos mais baixos para tratar os pacientes
atualizado
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São Paulo – O Instituto Butantan firmou nesta terça-feira (14/12) um acordo para produzir os medicamentos adalimumabe e etanercept, usados para tratar doenças autoimunes e crônicas inflamatórias. Hoje, esses remédios são produzidos no exterior e precisam ser importados pelo Ministério da Saúde, e são disponibilizados nas farmácias de alto custo do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os dois medicamentos são usados para tratar doenças como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, colite ulcerativa e espondilite. Uma caixa do adalimumabe, com 2 seringas que são usadas a cada duas semanas, custa em média entre R$ 7 e R$ 10 mil.
O acordo de Política de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) foi firmado com a Sandoz, uma divisão da Novartis. Na prática, a partir disso, o Butantan poderá passar a produzir estes medicamentos em sua fábrica no Brasil e eles poderão ser obtidos pelo Ministério da Saúde a custos menores e, consequentemente, ser mais facilmente disponibilizado no SUS.
O Butantan estima que poderá produzir medicamentos suficientes para atender 30 mil pacientes do SUS, tanto adultos como crianças.
O instituto está em conversas com o Ministério da Saúde para firmar acordos de compra, e só começará a produção quando for fechado um contrato. Ainda não se sabe de quanto será a redução do valor do remédio para o poder público, mas tanto o Butantan quanto a Sandoz garantem que haverá redução de custo.
“É a primeira fábrica de monoclonal no setor público do Brasil, ela está pronta. Esta tecnologia vai chegar num ponto de muito rapidamente ser de fato implementada, abre as possibilidades para novas parcerias, novas fatias de mercado”, afirmou Dimas Covas, diretor do Butantan.
Compra depende de Ministério
Marcelo Belapolsky, presidente da Sandoz Brasil, disse que estão prontos para produzir, só dependem do Ministério da Saúde querer comprar. “Somos um dos maiores produtores do mundo de biossimilares, que são os produtos biológicos monoclonais que permitem a acessibilidade ao sistema de saúde, e isso conecta com a missão que tem a empresa que é desenvolver o acesso aos pacientes do mundo inteiro”, disse.
A PDP é um processo de transferência e absorção de tecnologia de produção medicamentosa para empresas nacionais e tem por principal intuito ampliar o acesso a medicamentos e produtos considerados estratégicos para o SUS.
O adalimumabe ficou em falta em diversos estados pelo SUS por mais de oito meses entre 2020 e 2021, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O problema só foi resolvido quando, em maio deste ano, o Ministério da Saúde firmou um novo contrato de compra do medicamento.