Bruxelas: agricultores fecham bairro em protesto por menos burocracia

Agricultores de todas as regiões da Europa se reúnem nesta quinta-feira (1º/2)  para apelar aos líderes europeus para que ponham fim aos acordos de comércio livre entre a União Europeia e países terceiros. Isso ocorre porque a União Europeia realiza nesta quinta uma conferência, com a presença da presidente do bloco econômico, Ursula von der Leyen. Eles pedem por melhores preços e menos burocracia.

Os agricultores querem uma revisão de acordos como o Mercosul, que as importações fiquem sujeitas às mesmas regras que os produtos agrícolas europeus e que a “cara” burocracia das regulamentações agrícolas e ambientais seja mais flexível e simplificada.

Desde o início da semana, dezenas de tratores bloquearam a Place De Meeûs, perto da Palácio de Luxemburgo. Por volta das 18h30 dessa quarta-feira (31/1), outro comboio de tratores dirigiu-se ao Bairro Europeu, que foi bloqueado, bem como diversas estradas na Bélgica, França e Itália.

A polícia francesa prendeu 91 manifestantes que invadiram o maior mercado de alimentos da Europa nessa quarta-feira (31/1), segundo fontes policiais. Veículos blindados bloquearam as entradas do mercado de Rungis, ao sul da capital francesa.

De acordo com o jornal The Brussels Time, na noite de quarta-feira, os primeiros tratores já tinham começado a parar em redor da sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, e desde o início da manhã as buzinas da caravana já podiam ser ouvidas perto do edifício principal da Comissão Europeia, em frente ao Conselho, onde os líderes europeus se reúnem.

O centro do Bairro Europeu também foi fechado pela polícia, uma vez que os agricultores tomaram conta destas ruas. Os túneis Madou e Annie Cordy foram fechados temporariamente no início da manhã, mas já foram reabertos. “Como esperado, a maior interrupção do tráfego ocorre principalmente na Rue Belliard, em torno da Place Schuman e nas ruas menores do distrito europeu, mas outras áreas não são tão afetadas”, disse a polícia.

Agricultores revoltados

Os bloqueios de autoestradas, pelos agricultores, começaram no domingo (28/1). Também ocorreram protestos no porto de Antuérpia, resultando no bloqueio de travessias, impedindo a continuidade dos navios.

De acordo com eles, os últimos dois anos foram de dificuldades em razão das questões climáticas, que devastaram colheitas, a pandemia de Covid-19 e ainda a guerra da Rússia e Ucrânia, que fez disparar os preços da energia. Houve uma inflação galopante, com os produtos agrícolas muitas vezes incapazes de acompanhar o ritmo.

Os agricultores belgas fazem denúncias sobre a Lei de Restauração da Natureza ou os subsídios para a reflorestação, que consideram absurda. Os sindicatos de agricultores apelaram ao primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, para colocar as suas preocupações na agenda da Cimeira da UE.