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- Foto: Igo Estrela/Metrópoles
Uma troca de e-mails entre profissionais da Vale e duas empresas ligadas à segurança da barragem de Brumadinho (MG) mostra que, dois dias antes do rompimento, a Vale já havia identificado problemas nos dados de sensores responsáveis por monitorar a estrutura. A informação foi divulgada com exclusividade pelos jornalistas Andréia Sadi e Marcelo Parreira, da TV Globo.
A TV Globo teve acesso aos depoimentos prestados por dois engenheiros da empresa TÜV SÜD, André Jum Yassuda e Makoto Namba, responsáveis por laudos de estabilidade da barragem. Os advogados Augusto de Arruda Botelho e Brian Alves Prado, defensores dos profissionais de engenharia, disseram que não vão comentar.
Yassuda e Namba foram presos pela Polícia Federal (PF) na semana passada. Nessa terça-feira (5), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que eles e mais três funcionários da mineradora fossem postos em liberdade.
Ao questionar Namba, o delegado Luiz Augusto Nogueira, da PF, refere-se à existência de e-mails trocados entre funcionários da Vale, da TÜV SÜD e da Tec Wise, outra empresa contratada pela mineradora. As mensagens começaram a ser trocadas no dia 23 de janeiro, às 14h38, e seguiram até as 15h05 do dia seguinte, conforme a emissora. A barragem explodiu por volta das 13h do dia 25 de janeiro.
Nas perguntas, o delegado afirma que o assunto das mensagens “diz respeito a dados discrepantes obtidos através da leitura dos instrumentos automatizados (piezômetros), em 10 de janeiro, instalados na barragem B1 do CCF, bem como acerca do não funcionamento de 5 (cinco) piezômetros automatizados”. No depoimento não constam, no entanto, detalhes sobre as mensagens.
Ainda conforme a Globo, o engenheiro diz que só ficou sabendo das alterações dos dados fornecidos pelos sensores após o rompimento da barragem. Depois de lidas as mensagens para ele, Namba foi questionado sobre “qual seria sua providência caso seu filho estivesse trabalhando no local da barragem”.
A reportagem informa que, conforme o relatório da PF, Namba respondeu que, “após a confirmação das leituras, ligaria imediatamente para seu filho para que evacuasse do local, bem como que ligaria para o setor de emergência da Vale responsável pelo acionamento do PAEBM [Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração] para as providências cabíveis”.
Contudo, nenhuma dessas medidas foi adotada pelo especialista. A TÜV SÜD informou à TV Globo que não comentaria o assunto por estar sob sigilo.
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A lama arrastou árvores e tomou conta da região
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Equipe de resgate voluntária tenta salvar uma vaca presa no lamaçal de rejeitos de ferro desde a sexta-feira (25/1), quando a barragem da mineradora Vale se rompeu, devastando e destruindo tudo por onde passou. Pela dificuldade da remoção, o animal teve de ser sacrificado
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
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Meio ambiente foi afetado
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Os bombeiros militares utilizaram helicópteros para auxiliar no resgate
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Equipes de resgate tiveram reforço nos últimos dias
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Carro foi arrastado pela lama
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Antônio Carlos tentou entrar em Brumadinho (MG), mas foi impedido pela PM
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Israelenses levaram equipamentos para a região e contribuíram no resgate de sobreviventes e dos corpos das vítimas
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Trabalho de resgate é detalhado: quanto mais demora, menores as chances de sobreviventes serem encontrados
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Jair caminha há três dias em busca do irmão
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Bombeiros do município e do estado estão concentrados na busca de sobreviventes e no resgate de corpos
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Quando possível, equipes de resgate também salvam animais
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Bombeiros trabalham na lama, em busca de sobreviventes e corpos
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Trabalho na tarde de segunda (28/1) se concentrou em área onde foi encontrado outro ônibus da Vale soterrado
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Centenas de bombeiros atuam na região
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Central de comando montada pelos bombeiros na Igreja Nossa Senhora das Dores
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Bombeiros em sala de monitoramento montada em Brumadinho: equipes dos governos municipal, estadual e federal integradas no trabalho de resgate
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Bombeiro trabalha no resgate de corpo em Brumadinho
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Helicóptero sobrevoa área da tragédia: pressa em encontrar sobreviventes
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Peritos tentam identificar corpos resgatados: 19 de 81 mortos tiveram as identidades confirmadas entre sexta (25/1) e segunda-feira (28)
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Corpo é transportado por helicóptero dos bombeiros em Brumadinho
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Segundo bombeiros, demora em resgate diminui a chance de encontrar sobreviventes em Brumadinho
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26 de 64Divulgação/Corpo de Bombeiros
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28 de 64WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO/Foto Ilustrativa
29 de 64Divulgação/Corpo de Bombeiros
30 de 64Mirelle Pinheiro/Metrópoles
31 de 64MOISéS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
32 de 64MOISÉS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
33 de 64UARLEN VALéRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
34 de 64UARLEN VALéRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
35 de 64MOISéS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
36 de 64CHRISTYAM DE LIMA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
37 de 64RODNEY COSTA/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO
38 de 64Igo Estrela/Metrópoles
39 de 64UARLEN VALéRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
40 de 64UARLEN VALÉRIO/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
41 de 64FERNANDO MORENO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
42 de 64MOISéS SILVA/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
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44 de 64Isac Nóbrega/PR
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47 de 64WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
48 de 64WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
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Equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros trabalham no resgate. Peritos do Instituto Médico Legal (IML) atuam na identificação das vítimas: 19 dos 81 mortos foram identificados até segunda-feira (28/1)
MOURÃO PANDA/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
50 de 64WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
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52 de 64Divulgação/Ministério do Interior de Israel
53 de 64FELIPE CORREIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Rompimento barragem de Brumadinho(2019)
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Desde que a Vale começou a pagar as indenizações, a PCMG identificou 10 estelionatos consumados e três tentativas
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Os rejeitos atingiram a área administrativa da Vale, uma pousada e comunidades que moravam perto da estrutura
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Passados mais de três meses desde a tragédia, os trabalhos das equipes do Corpo de Bombeiros continuam na região
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Equipes do DF também foram para Minas Gerais
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O número de vítimas passou de 220
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Helicóptero sobrevoa local da tragédia
Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles
Engenheiro se disse pressionado
Conforme a reportagem, no depoimento, o engenheiro Makoto Namba também relatou uma reunião com funcionários da Vale sobre o laudo de estabilidade assinado por ele. Namba disse que um funcionário da mineradora chamado Alexandre Campanha perguntou a ele: “A TÜV SÜD vai assinar ou não a declaração de estabilidade?”.
Namba disse à PF ter respondido que a empresa assinaria o laudo se a Vale adotasse as recomendações indicadas na revisão periódica de junho de 2018, mas assinou o documento.
Segundo ele, “apesar de ter dado esta resposta para Alexandre Campanha, o declarante sentiu a frase proferida pelo mesmo e descrita neste termo como uma maneira de pressionar o declarante e a TÜV SÜD a assinar a declaração de condição de estabilidade sob o risco de perderem o contrato”.