Brumadinho: Vale seguiu com detonações em mina mesmo após recomendação
Relatório que atestou segurança de estrutura recomendou que prática fosse proibida nas proximidades
atualizado
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A Vale contrariou as recomendações da empresa alemã TÜV SÜD e manteve a utilização de detonações em minas próximas à região da barragem da Mina do Córrego do Feijão, que rompeu no último dia 25 de janeiro, acarretando a morte de ao menos 157 pessoas. São informações de O Globo.
O relatório de Revisão Periódica de Segurança de Barragem foi feito pelos engenheiros da TÜV SÜD em setembro do ano passado e atestou a segurança da barragem, mas também pediu que a empresa adotasse providências para garantir melhorias na segurança da estrutura.
Dentre as providências sugeridas, estava a de não realizar detonações em áreas próximas à barragem: “De modo a aumentar a segurança da barragem quanto ao modo de falha liquefação, recomenda-se a adoção de medidas que diminuam a probabilidade de ocorrência de gatilhos.Desta forma, deve-se evitar a indução de vibrações, proibir detonações próximas, evitar o trafego de equipamentos pesados na barragem, impedir a elevação do nível de água no rejeito, não executar obras que retirem material dos pés dos taludes ou obras que causem sobrecarga no reservatório ou na barragem”, diz o trecho do documento que agora está no centro das investigações sobre a causa da tragédia.
Em depoimento à PF no dia 31 de janeiro, o geólogo da Vale Cesar Augusto Paulino Grandchamp disse que “todas as minas, assim como a Mina do Feijão, utilizam detonações na atividade de mineração”.
Explosões e detonações
Grandchamp foi um dos três funcionários da mineradora presos semana passada e que foram soltos nesta quinta-feira após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além dele, a própria Vale admitiu que continuou a realizar detonações nas minas dos Córregos do Feijão e Jangada, que ficam no complexo minerário de Brumadinho. A mineradora afirmou que mantinha uma média de 26 explosões por mês somando as detonações nas duas minas.
A mina do Córrego do Feijão fica a cerca de 1,5 km da barragem que rompeu. Já a mina de Jangada fica a cerca de 5 km. A Polícia Federal e o Ministério Público ainda estão analisando quais foram as causas da tragédia e não chegaram a uma conclusão.
A mineradora, por sua vez, vem alegando que colabora com as investigações, fornecendo inclusive documentos e e-mails para os procuradores do MPF e para o delegado que conduz as investigações.A Vale foi procurada pela reportagem, mas não retornou até a publicação.