Brumadinho: Saúde emite alerta para a população
Há risco de contaminação por metais pesados, por isso consumo e contato com a água do rio Paraopeba devem ser evitados
atualizado
Compartilhar notícia
A Secretaria de Saúde de Minas Gerais emitiu alerta para a população da região de Brumadinho, orientando sobre riscos à saúde relacionados ao contato com os rejeitos de minério que se espalharam com o rompimento da barragem na sexta-feira (25/1). De acordo com a nota, moradores das áreas afetadas devem seguir as seguintes orientações:
*Não consumir alimentos que tenham tido contato com a lama, incluindo alimentos embalados, enlatados ou alimentos perecíveis (como frutas, legumes e verduras);
*Evitar contato com a água do rio Paraopeba atingida pela lama, tanto para consumo (ingestão, preparação de alimentos, higiene) ou para recreação;
*Procurar a unidade de saúde mais próxima se apresentarem os seguintes sintomas: vômitos, coceira, tonteira ou diarreia.
Outra providência foi coletar 44 amostras da água dos rios localizados na região atingida. O objetivo é identificar possíveis riscos de intoxicação. “Dessa forma, será possível atuar de maneira estratégica na prevenção de possíveis complicações no futuro”, afirmou, em nota, a Secretaria de Saúde do estado de Minas Gerais.
Médica especializada em toxicologia, a professora da Universidade de Brasília (UnB) Andréa Franco Amoras Magalhães defende que a saúde da população seja monitorada atentamente pelos próximos cinco anos. “A lama e os rejeitos são restos de minério. Mesmo que as impurezas tenham sido retiradas, isso não garante que os rejeitos estejam isentos de metais pesados”, pondera. A saúde dos bombeiros e demais participantes das equipes de resgate também precisará ser acompanhada, bem como a dos animais.
O contato com metais pesados pode causar problemas respiratórios ou hematológicos sérios, mas, de acordo com a especialista da UnB, a ocorrência depende da dose, do tempo de exposição e da reação de cada organismo à contaminação.
Além da possibilidade de contaminação, há preocupação com a ocorrência de doenças como a leptospirose e a hantavirose. O desequilíbrio ambiental também pode provocar surtos de doenças como febre amarela, dengue, zika e chikungunya.
Segundo a professora da UnB, a longo prazo, será preciso acompanhar como o solo vai reagir ao excesso de lama e aos materiais com potencial tóxico. “Será necessário acompanhamento contínuo, pois é necessário verificar se há níveis seguros para que o solo seja utilizado para a produção de alimentos ou como pasto”, afirma.