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Brumadinho: presos dizem que diretores da Vale sabiam de risco

Dois oito detidos, quatro executivos da mineradora solicitaram habeas corpus preventivo ao Supremo Tribunal Federal

atualizado

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FÁBIO BARROS/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro vai Brumadinho, onde se reúne com autoridades e representantes da Vale
1 de 1 Bolsonaro vai Brumadinho, onde se reúne com autoridades e representantes da Vale - Foto: FÁBIO BARROS/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

Os depoimentos dados por funcionários presos da Vale indicam que diretores da mineradora sabiam de problemas envolvendo a barragem de Brumadinho (MG), que se rompeu há um mês. Na segunda-feira (25/2), quatro executivos já haviam solicitado habeas corpus preventivo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até essa terça-feira (26/2), a tragédia havia deixado oficialmente 179 mortos e 129 desaparecidos.

O Jornal Nacional relatou na noite dessa segunda ter conseguido acesso aos depoimentos dados pelos oito funcionários da Vale detidos há 12 dias em Contagem. São quatro gerentes e quatro integrantes de áreas técnicas diretamente relacionados ao controle da barragem de Brumadinho.

No depoimento, Felipe Figueiredo Rocha afirmou que os riscos de operação na chamada Barragem 1 foram discutidos em um painel interno com especialistas, do qual participaram os diretores Silmar Silva e Lúcio Cavalli. Essa declaração foi corroborada pelo gerente executivo Alexandre Campanha, que disse ainda acreditar que os relatórios finais — nos quais se apresentavam detalhamentos dos problemas — eram encaminhados para Lúcio Cavalli e demais diretores operacionais.

A mesma citação foi feita por Marilene Christina, outra detida. Ela foi além, dizendo que reportou ao diretor Silva — sobre a barragem B1 — a instalação de um DHP (drenos horizontais profundos, utilizados normalmente para a retirada de água da instalação). Na sequência, declarou ter alertado Cavalli de problemas em DHPs.

Uma das principais hipóteses investigadas pela força-tarefa formada para Brumadinho é que o excesso de água na barragem levou ao rompimento. Um vídeo, incluído na investigação e gravado próximo da barragem depois da tragédia, mostra que havia uma tubulação de captação de água rompida, lançando água em direção à estrutura que desmoronou. As autoridades também localizaram nascentes acima da barragem e isso pode ter contribuído para a tragédia — esses eventos teriam sido acusados por piezômetros (medidores de volume de água).

STJ
Silva e Cavalli entraram com o pedido de habeas corpus preventivo, ao lado dos também diretores da Vale Peter Poppinga — cuja prisão já havia sido solicitada e negada — e Luciano Siani Pires. Os advogados alegaram que eles “se encontram todos ameaçados de sofrer patente constrangimento ilegal ao seu direito de locomoção, em razão de ordem de prisão que está na iminência de emanar de autoridade incompetente no curso das investigações sobre o rompimento da barragem I da mina do Córrego do Feijão”.

Procurada pela Globo, a Vale declarou que a diretoria está “colaborando com as autoridades para esclarecer as causas do rompimento”, ressaltando que a presunção de culpa não pode decorrer apenas do posto que um executivo ocupa na empresa, e, por isso, pediu os habeas corpus para os diretores. Diz ainda que os depoimentos dos funcionários não indicam que a Vale soubesse previamente de um cenário de risco iminente de ruptura da barragem.

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