Brumadinho: lama já percorreu 100 km; Vale anuncia plano de contenção
Diferentemente do que ocorreu Mariana, a lama deste atual desastre desce mais lentamente porque está mais densa
atualizado
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Levantamento realizado pela consultoria Ramboll indica que a lama da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), já percorreu cerca de 100 quilômetros. Pelos cálculos da consultoria, a lama está descendo a uma velocidade de 1 km por hora, mais lentamente do que no vazamento de Mariana (MG), ocorrido em 2015. A Vale, por sua vez, anunciou, nesta quarta-feira (30/1), um plano da companhia para conter os rejeitos que vazaram após o rompimento da represa.
Com base em informações de dezenas de nanosatélites, a equipe de geosoluções da consultoria estima que a lama deverá alcançar o reservatório da refinaria de Três Marias, que fica a 340 quilômetros do local do acidente. Isso significa, necessariamente, que a lama deve ultrapassar a barreira do reservatório de Retiro Baixo.
Diferentemente de Mariana, a lama de Brumadinho desce mais lentamente porque ela está mais densa. No primeiro episódio, uma segunda barragem – de água – também se rompeu, fazendo com que a lama se diluísse e ampliasse a área atingida.
A Vale informou que instalou 45 pontos de monitoramento de água entre o rio Paraopeba e a foz do rio São Francisco. Além disso, segundo a companhia, o sistema de captação de água de Pará de Minas, que está a 115 quilômetros da barragem no rio Paraopeba, será protegido por três barreiras de retenção. A aplicação de floculantes, produto químico usado para aglutinar partículas finas que facilita a retirada do material, não está descartada, mas depende da aprovação dos órgãos ambientais
Plano para conter rejeitos
As medidas fazem parte do plano de contenção da companhia. A companhia dividiu a área impactada em três trechos. O primeiro tem 10 quilômetros de extensão e considera o entorno da barragem. Nele serão construídos diques para reter os rejeitos grossos e pesados.
Um segundo trecho, entre Brumadinho e Juatuba, tem cerca de 30 quilômetros. Segundo a empresa, nessa área está concentrado o material fino (silte e argila), que será dragado e acondicionado para destinação adequada.
O trecho 3, entre Juatuba e a Usina de Retiro Baixo, tem 170 quilômetros e potencial para sedimentos ultrafinos. Nessa área, a empresa deverá instalar membrana com objetivo de reter os sedimentos, mas não está descartada a possibilidade de usar floculante, produto químico usado para aglutinar os finos. Segundo a companhia, essa ação pode facilitar a retirada do material do rio, mas depende da aprovação dos órgãos ambientais.
Ellen Gracie coordenará comitê da Vale
A ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie vai coordenar o Comitê Independente de Assessoramento Extraordinário de Apuração (CIAEA), criado no domingo (27) pela Vale para apoiar o Conselho de Administração na apuração de causas e eventuais responsabilidades do rompimento da Barragem.
Segundo a mineradora Vale, a escolha da ex-ministra ocorreu após o processo de seleção liderado pela empresa internacional de consultoria Korn Ferry. A nomeação foi confirmada nesta quarta pelo Conselho de Administração da Vale.