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Brumadinho: “Houve homicídio com dolo eventual”, diz delegado

Até esta segunda-feira, 214 corpos haviam sido identificados e cerca de 90 estavam desaparecidos

atualizado

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Bárbara Ferreira/Metrópoles
Brumadinho
1 de 1 Brumadinho - Foto: Bárbara Ferreira/Metrópoles

O delegado da Polícia Civil Bruno Tasca afirmou nesta segunda-feira (25/3) que o inquérito criminal que investiga o desastre da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de BH, já permite apontar a hipótese de homicídio com dolo eventual – quando se assume o rico de cometer o crime – no rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão.

A afirmação foi dada por Tasca durante o primeiro dia de depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que investiga a tragédia da mineradora no dia 25 de janeiro. Entre as vítimas, 214 corpos já foram identificados e 91 pessoas ainda são consideradas desaparecidas. A avalanche de lama ainda deixou cerca de 80 pessoas desabrigadas.

“Nós já colhemos muitas informações, que nos permitem supor uma hipótese de dolo eventual. Agora resta apontar a participação de cada funcionário nesse evento que aconteceu, e está sendo feito. E não tenho dúvida aqui se nós chegarmos na diretoria e presidência as responsabilidade serão tomadas e apontadas”, disse o delegado.

Entre as vítimas, 214 corpos já foram identificados e 91 pessoas ainda são consideradas desaparecidas. A avalanche de lama ainda deixou cerca de 80 pessoas desabrigadas.

A Polícia Civil afirmou que, até esta segunda, já tinha ouvido 60 pessoas entre investigados, sobreviventes e parentes de vítimas e que na semana passada recolheu os passaportes dos investigados.

Entre os convidados, estavam presentes os delegados responsáveis pelas investigações, representantes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, e das polícias militar e civil, além da Polícia Federal.

Minuto de silêncio
A reunião começou com um minuto de silêncio pelas vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho. Também durante a reunião, o delegado da Polícia Federal Luiz Augusto Pessoa confirmou que a primeira parte do inquérito deve ser concluída no início de abril. É a que investiga crimes de falsidade ideológica e de uso de documentos falsos.

“A gente já tem convicção de que houve a prática do crime de falsidade ideológica e do crime de uso de documento falso. Falsidade ideológica cometido pela empresa de auditoria, no caso a TUV SUD, quando atestou a declaração de construção de estabilidade da barragem B1 em Brumadinho, na minha visão, de forma fraudulenta. E o uso documento falso é justamente pela Vale, que utilizou desse documento né, a declaração de condição de estabilidade, para obter as autorizações junto aos órgãos de fiscalização e controle”, disse o delegado.

A próxima reunião está marcada para quinta (28) com novos depoimentos. A CPI tem prazo de 120 dias para encerrar a investigação. Se precisar, os deputados podem pedir mais 60 dias de prorrogação do prazo.

Sobre as conclusões da Polícia Federal, a empresa Tüv Süd disse que prefere não comentar, porque as investigações estão em curso. A empresa afirmou que iniciou uma investigação independente e que ofereceu sua total cooperação as autoridades para o esclarecimento das circunstâncias do colapso da estrutura.

A Vale disse que ao contratar uma empresa de auditoria de renome internacional como a Tüv Süd esperava que os auditores tivessem responsabilidade técnica independência e autonomia na prestação do serviço e afirmou que não teve conhecimento de nenhum cenário de risco eminente de ruptura da Barragem 1, da Mina Córrego do Feijão.

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