Brumadinho: CPI ouve Vale e empresa que emitiu laudo de barragem
Além das companhias, colegiado convocou a Tractebel Engineering, que teria se negado a dar certificação para a barragem do Córrego do Feijão
atualizado
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Nesta quarta-feira (3/4), parlamentares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho, no Senado Federal, ouvirão os depoimentos de representantes da Vale e das consultorias TÜV SÜD e Tractebel Engineering Ltda.
Foram convocados a depor: o gerente de Geotecnia Corporativa da mineradora, Alexandre Campanha; os auditores Makoto Namba e André Yassuda, da TÜV SÜD Brasil; e Ana Lúcia Moreira Yoda, engenheira da empresa Tractebel Engineering Ltda.
O relator da CPI, senador Carlos Viana (PSD-MG), explica que existe um processo judicial citando a Vale por suposta coação a Makoto Namba para assinar o laudo de estabilidade da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, que se rompeu em Brumadinho. O documento também leva a assinatura de Yassuda.
A senadora Juíza Selma (PSL-MT) afirmou que a convocação de Ana Lúcia seria porque a “empresa [Tractebel] se recusou a atestar a estabilidade da barragem, razão pela qual a Vale a substituiu pela TÜV SÜD, que se encarregou de emitir a declaração de estabilidade em setembro de 2018”.
A declaração da parlamentar é amparada em informações do Ministério Público, segundo o qual, em setembro passado, a consultoria de engenharia Tractebel se recusou a assinar um laudo de segurança da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão.
De acordo com as investigações, a Vale teria substituído, então, a Tractebel pela consultoria TÜV SÜD, que atestou a segurança da barragem em junho de 2018 e, novamente, em setembro.
Prisão
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro deferiu em 14 de março uma liminar para colocar em liberdade os 13 funcionários da Vale e da TÜV SÜD presos no curso da investigação sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.
Eles tinham sido presos um dia antes da liberação, depois que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ao julgar o mérito dos habeas corpus impetrados pela defesa, rejeitou os pedidos.
A comissão parlamentar no Senado apura responsabilidades sobre a tragédia, que matou mais de 200 pessoas – 87 ainda estão desaparecidas.