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Brumadinho: comerciantes do Córrego do Feijão temem falência

Após rompimento da barragem, vida na região afetada mudou drasticamente e moradores estão apreensivos quanto ao futuro

atualizado

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Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles
Genival Brumadinho
1 de 1 Genival Brumadinho - Foto: Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles

De um vilarejo pacato na zona rural, onde todos se conheciam e a vida passava em um tempo dilatado, os moradores do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), além da dor de perder familiares, amigos e vizinhos, passaram a conviver com o barulho, carros passando, militares e um cenário de guerra. Além disso, para quem tem comércio local, as vendas estão paralisadas e a previsão para o futuro é de falência e outros prejuízos.

O comerciante Genivaldo Costa dos Santos (foto em destaque), 41 anos, tem um pequeno bar ao lado da igreja onde funciona o Posto de Comando do Corpo de Bombeiros. Na última semana, ele viu o teto de sua casa cair após colisão com um dos helicópteros do resgate. O filho caçula chegou a cair no chão e hoje gruda na perna do pai sempre que escuta o barulho das aeronaves. As telhas já foram recolocadas, mas o dia a dia em seu bar é motivo de desalento e preocupação.

O homem vendia cerca de R$ 200 por dia e desde o último dia 25 de janeiro, quando houve o rompimento da Barragem I, da Mina do Córrego do Feijão, conta não ter vendido mais nada. “As pessoas não estão felizes, não querem beber ou se divertir. Está tudo muito ruim esses dias. Amigos se foram. Perdi uns 20 amigos nesse dia. Deito e fico lembrando disso todas as noites. É ruim demais”, relata.

Para garantir o mínimo das despesas em casa, ele está trabalhando na área de limpeza dos imóveis que estão sendo utilizados pela Vale e pela equipe de resgate, mas durará apenas três meses. Depois disso, Genivaldo ainda não sabe como vai levar a vida. “Aqui [Córrego do Feijão] a vida acabou. Nunca mais será a mesma coisa”, lamenta.

Não haverá mais clientes
A dura realidade da incerteza com o futuro também aflige a comerciante Maria Marques dos Santos, que é dona de um pequeno restaurante próximo ao Centro de Apoio instalado no vilarejo. Ela atendia diariamente a cerca de 80 pessoas, todas funcionários das terceirizadas que trabalhavam na mina. Hoje, ela tem alimentado algumas pessoas que trabalham no local, mas sabe que quando isso acabar não terá mais clientes.

Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles
Dona de um pequeno restaurante, Maria Marques dos Santos receia ficar sem clientes quando as pessoas que trabalham na reconstrução do vilarejo forem embora

“Trabalhei a vida inteira como doméstica. Investi o que tinha para o meu negócio e não sei mais o que faremos agora. Além de saber que perdi os meus clientes, tenho gastado muito mais em compras, pois antes dirigia 15 minutos até Brumadinho e conseguia tudo o que precisava. Agora, demoro cerca de meia hora até o Jardim Canadá, quase em Belo Horizonte, e compro tudo por um preço muito maior. Gasto o dobro de combustível”, reclama.

Ela também não consegue dormir direito há 15 dias e o barulho já é uma constante em seu dia a dia. A sua neta teve a casa afetada pela lama e, nos primeiros dias, Maria também abrigou ela e toda a família em sua casa. “Fiz o meu cadastro com o pessoal da Vale e estou esperando para saber o que eles farão por nós. A vida aqui era muito tranquila, mas agora tudo mudou e já não sei se é possível recomeçar”, encerrou.

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