Briga entre caciques em terra indígena no RS é alvo de operação da PF
Quatro pessoas foram baleadas em conflito entre caciques em terra indígena. Grupo ligado a um deles teria prendido opositores, diz PF
atualizado
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A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação na manhã desta quarta-feira (1º/3) com o objetivo de pacificar uma briga pela liderança da Terra Indígena Cacique Doble, no município de São José do Ouro, no Rio Grande do Sul. Um confronto entre caciques seria a origem do problema.
Segundo as investigações, quatro indígenas foram baleados em tentativas de homicídios relacionadas a essa disputa entre o grupo do atual cacique do território e um outro grupo de opositores.
Nesta quarta foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão. Um total de 180 policiais federais participaram da operação, além da Brigada Militar. Pelo menos duas armas de fogo de cano longo foram apreendidas.
A Terra Indígena Cacique Doble tem povos indígenas Guarani e Kaingang. O território é dividido entre seguidores de duas lideranças diferentes, uma na parte alta e outra na parte baixa, de acordo com a nomenclatura usada pelos moradores. Uma dessas lideranças é o cacique da região e o grupo ligado a outra liderança faz oposição a ele.
Guerra interna
De acordo com a PF, a intensificação do conflito começou em 8 de agosto do ano passado, quando o sobrinho do cacique foi atingido por um disparo na perna. Na ocasião, o grupo desse cacique estaria promovendo retaliações e agressões contra opositores.
A tentativa de homicídio contra o sobrinho do cacique foi seguida de uma série de episódios de violência. Houve casos de casas apedrejadas, expulsão de residências, outros três baleados e até prisões (sequestros) de opositores do cacique. Os próprios indígenas ligados ao cacique teriam prendido e agredido opositores.
Os investigadores da PF tiveram que ir até a região para averiguar a situação de perto. As vítimas e testemunhas estariam sendo pressionadas pelas lideranças para não procurar a polícia.
A operação foi batizada de Menés, em referência ao primeiro dos Faraós e uma briga por poder no Egito Antigo.
Segundo a PF, o objetivo da operação é dar condições de apaziguamento e unificação das lideranças da parte alta e da parte baixa desse território indígena. Os nomes dos suspeitos de envolvimento com as tentativas de homicídio não foram divulgados.