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Brasileiros tiram R$ 9 bi da Suíça após Lava Jato

Dinheiro foi retirado entre 2015 e 2017, segundo o banco central local. Clientes temem troca de informações entre instituições financeiras

atualizado

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1 de 1 bancosuiça - Foto: Reprodução/Redes Sociais

O montante guardado por brasileiros na Suíça caiu para menos da metade desde o início da Operação Lava Jato no Brasil. Dados do Banco Nacional da Suíça mostram que, pelo menos oficialmente, cerca de R$ 9 bilhões deixaram de fazer parte da contabilidade do país europeu como sendo de origem brasileira entre 2015 e 2017.

De acordo com as estatísticas do banco, os brasileiros mantinham em contas na Suíça 4,1 bilhões de francos suíços (R$ 15,8 bilhões) em 2015. Em 2016, esse volume já havia caído, chegando, ao fim de 2017, a 1,7 bilhão de francos suíços (R$ 6,5 bilhões), o menor montante em mais de 10 anos.

Fontes do setor financeiro de Genebra afirmaram ao Estado que esse volume seria apenas a ponta de um iceberg, e que recursos que não aparecem como sendo de brasileiros continuam camuflados. Ainda assim, os números oficiais do BC são considerados como indicadores do movimento que se seguiu diante da pressão sobre a conta de brasileiros em diversos bancos em Genebra, Zurique ou Lugano.

Raoul Wurgler, representante da Associação de Bancos Estrangeiros na Suíça, diz que houve relutância por parte dos clientes brasileiros diante da troca automática de informações fiscais entre instituições financeiras dos dois países.

O acordo assinado em 2016 estabelecia que, a partir de 2018, seriam coletadas informações sobre as contas financeiras de brasileiros em bancos suíços e os dados começariam a ser compartilhados com a Receita Federal no Brasil a partir do ano que vem. “O que ouvimos de bancos é que houve um movimento de brasileiros para transferir o dinheiro para outras jurisdições”, indicou Wurgler. Entre elas, estariam os EUA.

Segundo banqueiros ouvidos pela reportagem, os clientes brasileiros argumentaram, na retirada do dinheiro, temer que os dados fiscais fossem usados para “chantagem” no Brasil por parte de autoridades.

Offshore 
Mas há também quem aponte para outro fenômeno: a desnacionalização dos recursos. Parte dos ativos de brasileiros depositados hoje na Suíça não está em nome dos clientes, mas de suas empresas offshore situadas no Panamá, Bahamas, Ilhas Virgens Britânicas ou outros paraísos fiscais. Uma das possibilidades é que essa tendência tenha se fortalecido nos últimos anos.

No caso das Bahamas, por exemplo, os depósitos de “nacionais” do pequeno país chegariam a 21 bilhões de francos na Suíça. No total, centros offshore teriam 209 bilhões de francos depositados na Suíça.

Antes mesmo da troca automática de informação, as contas de brasileiros já estavam na mira, inclusive dos bancos suíços. Na Operação Lava Jato, o Ministério Público em Berna abriu cerca de cem inquéritos e congelou mais de US$ 1 bilhão em 42 bancos. As instituições financeiras foram alertadas a redobrar a atenção com clientes brasileiros. Hoje, ao menos um banco suíço está sendo investigado criminalmente por ter ajudado brasileiros a lavar dinheiro. Além do Brasil, o México também foi envolvido em um amplo programa de repatriação de recursos.

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