Brasileiros são detidos e deportados do México: “Muito desesperador”
Turistas tiveram problemas na documentação para entrar no país e relataram prisão no aeroporto. Imagens mostram péssimas condições do local
atualizado
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Turistas brasileiros usaram as redes sociais para relatar que ficaram presos em um aeroporto no México, durante 17 horas, após problemas na documentação para entrar no país. Cenas filmadas pelos brasileiros mostram as péssimas condições do local.
No Instagram, a empresária Bianca Meloni contou que ela e alguns familiares tinham hospedagens agendadas no país, além de passagens de ida e volta para o Brasil compradas.
Ao chegar em território mexicano, a família foi impedida de entrar no país por não apresentar toda a documentação exigida. Segundo Bianca, o governo mexicano demanda a apresentação de um formulário, emitido via internet. A empresária alega que a página para obtenção do documento estava inativa, e a família foi informada de que precisaria deixar o país.
Foi nesse momento que o desespero começou: Bianca conta que teve o passaporte e o celular confiscados e foi mandada para uma sala, junto com os familiares, onde teriam de aguardar um voo de volta para o Brasil.
“A gente percebeu que estávamos com todo mundo que estava ilegal no México para entrar nos Estados Unidos. Eles consideraram a gente como pessoas ilegais que iriam para os EUA. A gente ficou preso nesta sala por aproximadamente 17 horas, sem celular, sem conseguir falar com ninguém, sem conseguir pedir ajuda”, contou Bianca.
A empresária afirma que uma das familiares que estava no grupo de turistas conseguiu pegar uma câmera escondida na mala. Ela fotografou o estado da sala onde os passageiros ficavam: colchões no chão, banheiros sujos e paredes quebradas.
“Era um lugar horroroso. Quando a gente chegou tinha uma pessoa jogando futebol com uma garrafa com xixi dentro. Não tinha condições de usar o banheiro. A gente ficou 17 horas nessa sala sem conseguir usar o banheiro porque ele era muito sujo”, relatou.
Ao Metrópoles Bianca relatou que seu pai chegou a passar mal durante o tempo em que ficaram na sala, e não conseguiu comer por três dias depois do ocorrido.
Veja o relato.
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Retorno
De acordo com Bianca, ela e a família só conseguiram pegar um voo de volta para o Brasil no dia seguinte. Ela contou que, ao chegar no Brasil, percebeu que suas malas estavam abertas e itens haviam sido roubados. Além disso, uma das malas foi extraviada.
“A gente foi liberado por volta das 5h30 da manhã. A gente foi escoltado no aeroporto e, quando chegamos em São Paulo, as malas estavam todas arrebentadas, elas tinham uma tag de que a gente tinha sido deportado. Estavam todas abertas com vários itens roubados”, contou.
“Humilhação”
Bianca relatou que toda a família ficou muito abalada com a situação. “É uma humilhação que você nunca imagina na sua vida que você vai passar.”
Passeios por Cancún e diárias em um dos hotéis mais caros do país foram perdidos, segundo Bianca. “O que o governo mexicano com nós, brasileiros, é algo muito surreal e desumano”, diz. Ela destacou que, depois da divulgação de seu relato nas redes, recebeu diversos relatos de pessoas que passaram pela mesma situação no país.
“Nunca imaginei que a gente passaria por isso, é muito desesperador. Tinha gente lá na sala há 2 dias, 4 dias. Tinha um homem que estava lá há 84 dias”, contou.
A empresária disse que a companhia com a qual a viagem com adquirida, Copa Airlines, ainda não deu explicações sobre o ressarcimento pelo dano causado.
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Bianca relatou que apenas na segunda-feira (19/7), três dias após chegar no Brasil, conseguiu falar com um funcionário da Copa Airlines. A atendente, segundo a empresária, fez uma busca no sistema, mas não encontrou a bagagem extraviada ou registro dos itens roubados e afirmou que qualquer reclamação deveria ser feita no site da empresa aérea.
Depois da repercussão do vídeo que publicou no Instagram, Bianca afirmou que a Copa enviou nesta terça-feira (19/7) uma mensagem pela rede social alertando a empresária que uma mala com as especificações da sua havia sido encontrada. Entretanto, depois dessa mensagem, Bianca ressaltou que a empresa não entrou mais em contato com ela.
“A gente marcou o hotel, marcamos o Itamaraty, o Governo Brasileiro, mas não tivemos resposta de ninguém”, finalizou.
Outro lado
A reportagem do Metrópoles procurou o Ministério das Relações Exteriores para averiguar se o órgão acompanha o caso dos brasileiros. A pasta não retornou aos questionamentos até a publicação deste texto. A companhia aérea Copa Airlines também foi questionada, mas não retornou às perguntas. O espaço segue aberto.