Brasil vive o ciclo mais longo de crescimento da desigualdade
O chamado índice Gini, que mede a concentração de renda, passou de 0,6003 no 4º trimestre de 2014 para 0,6291 no 2º trimestre de 2019
atualizado
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O Brasil vive o ciclo mais longo do crescimento da desigualdade. Desde 2014, o índice mostra a alta da crise social. Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua), a situação é a pior desde 1989, quando houve um pico negativo histórico.
O estudo “Escalada da Desigualdade”, do economista Marcelo Neri, pontua que a desigualdade está crescendo há 4 anos e 3 meses.”Nem mesmo em 1989 que constitui o pico do nosso piso histórico de desigualdade brasileira houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, escreveu.
O chamado índice Gini, que mede a concentração de renda, passou de 0,6003 no 4º trimestre de 2014 para 0,6291 no 2º trimestre de 2019. De 2014 a 2019, a renda do trabalho da metade mais pobre da população caiu 17,1%, segundo o estudo. Já a renda dos 1% mais rico subiu 10,11% nesse período.
Já a renda da fatia da população considerada de classe média (posicionada entre os 40% intermediários) teve queda de 4,16%. “Isso quer dizer que, em termos de bem-estar geral da nação, não se pode falar em recuperação, mesmo que tímida”, pontua o economista no estudo.
A pesquisa calcula que entre o fim de 2014 até o fim de 2017, o número de brasileiros em situação de pobreza (renda de até R$ 233 por mês por pessoa) passou de 8,38% para 11,8% da população, atingindo 23,3 milhões, “um grupo maior do que a população chilena”.
Desemprego
Nessa quinta-feira (15/08/2019), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que 3,35 milhões de desempregados no país procuram trabalho há pelo menos dois anos. Isso equivale a um em cada quatro.
Os números do segundo trimestre deste ano são recorde desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012. Com base nos números, no segundo trimestre de 2018 o contingente de desempregados procurando trabalho há no mínimo dois anos tinha menos 196 mil pessoas, ou seja, era de 3,15 milhões.
No segundo trimestre de 2015, o total era de 1,43 milhão de pessoas, ou seja, menos da metade do segundo trimestre deste ano.