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Brasil ultrapassa países vizinhos em número de pessoas vacinadas contra Covid-19

Imunização começou na segunda-feira (18/1), quando mais de 50 nações já tinham dado início a campanhas locais

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JP Rodrigues/ Especial Para Metrópoles
Vacinação no HUB
1 de 1 Vacinação no HUB - Foto: JP Rodrigues/ Especial Para Metrópoles

Nos cinco primeiros dias da campanha nacional de vacinação contra a Covid-19, o Brasil aplicou doses em 404,2 mil pessoas, aponta balanço feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde. O país começou a imunização na segunda-feira (18/1), quando mais de 50 nações já haviam começado a vacinar suas populações.

Agora, tem mais velocidade do que vizinhos como Argentina e Chile, e até alguns europeus, a exemplo da Itália, mas fica atrás da Turquia, que também usa a Coronavac. Se considerar os tamanhos das populações, o ritmo inicial do Brasil perde para Israel e Alemanha.

O balanço de vacinação brasileiro é parcial, uma vez que há dados apenas de 11 estados e do Distrito Federal, mas inclui a maioria das regiões mais populosas, como São Paulo, Rio, Bahia e Paraná.

No último dia 17, houve um grupo de vacinados no Hospital das Clínicas de São Paulo, logo após a autorização de uso emergencial dada à Coronavac pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas a campanha, de fato, só teve início na segunda-feira (18/1).

Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) compararam a velocidade da vacinação no Brasil com a de outros países.

A análise se concentra nos cinco primeiros dias de vacinação em cada país. “Embora o Brasil seja referência mundial em produção de vacinas e imunização em massa, a vacinação contra a covid-19 começou com uma temperatura morna”, avalia Wallace Casaca, matemático da Unesp e responsável pelo levantamento. O país agora precisa correr para recuperar o tempo perdido à espera da chegada e liberação dos imunizantes.

Casaca está à frente da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, que projeta infecções, óbitos e recuperados em São Paulo. “O Brasil supera as campanhas da França, Itália e Espanha, países que sofreram muito com a pandemia”, afirma. “Por outro lado, é superado pela Turquia, que tem população muito menor do que a brasileira.”

Para comparar diferentes tamanhos de populações, os pesquisadores calcularam o número de doses aplicadas para grupos de 100 pessoas. De cada centena, o Brasil vacinou 0.19. Isso significa que foi vacinado 0,19% da população nacional.

Israel já apresentava 2,3 vacinados por 100, já nos cinco primeiros dias de campanha. Na Turquia, de 82 milhões de habitantes, a vacinação começou em ritmo acelerado – nos dois primeiros dias, foram imunizados 600 mil profissionais de saúde. O país comprou 50 milhões de doses da Coronavac e já recebeu 3 milhões.

Alguns países optaram por iniciar a vacinação mais cedo, ainda que com quantidade bastante limitada de doses. O Chile, por exemplo, começou na véspera do Natal, quando aterrissaram as primeiras 10 mil de doses da Pfizer. Imunizou cerca de 8,6 mil em quatro dias.

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Chega ao Brasil, dia 22 de janeiro, avião com 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca
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Chega ao Brasil avião com 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca

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Chega ao Brasil, dia 22 de janeiro, avião com 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca

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Estudo de pesquisador da USP apontou a necessidade de vacinar cerca de 160 milhões de brasileiros com a Coronavac para o país alcançar a imunidade coletiva. O recrudescimento da pandemia pressiona o governo a apressar a vacinação, mas o número limitado de doses é um gargalo.

Nesta primeira semana, foi distribuído pelo país um lote de 6 milhões de unidades da Coronavac. A Anvisa aprovou o uso emergencial de outro lote, de 4,1 milhões, e chegaram 2 milhões de doses da vacina de Oxford, importadas da Índia.

O Brasil anunciou negociação de 70 milhões de doses com a Pfizer, mas não fechou contrato. Para produzir mais, o Brasil depende de matéria-prima da China.

Gargalos

Na segunda, quando o Ministério da Saúde liberou a campanha nacional, houve problemas de logística para que as doses chegassem a todos os Estados: 11 só aplicaram as primeiras doses no dia seguinte.

Em cada região, a vacinação também foi iniciada ao mesmo tempo em que os lotes ainda eram divididos entre os grupos prioritários – profissionais de saúde, idosos em asilos e indígenas – e enviados para cidades do interior. Além disso, em oito estados e no Distrito Federal foram abertas investigações sobre supostos desvios de doses e fura-filas, o que envolveu secretários de Saúde, filho de deputado e até os próprios prefeitos.

Ao receber a remessa indiana, o ministro, general Eduardo Pazuello, disse que “rapidamente” o Brasil deve conseguir vacinar oito milhões e passará a ser o segundo país do Ocidente com mais imunizados, atrás dos Estados Unidos.

Para especialistas, a experiência em campanhas de larga escala – por meio do Programa Nacional de Imunização, que já oferece anualmente 300 milhões de doses de vacinas contra outras doenças – pode ajudar o Brasil a ganhar rapidez na vacinação. Mas a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), se preocupa com a garantia de novas remessas.

“Se começar uma campanha e as doses acabam, não chegando novas, é ruim. É o que está acontecendo neste momento nas cidades do interior que já terminaram de vacinar com as primeiras doses, pois foram poucas. Às vezes, não se conseguiu vacinar nem toda a sua equipe de saúde”, afirma Ethel.

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