Bolsonaro anula condecoração de embaixadora que agrediu empregada
Decisão torna sem efeito admissão de Marichu Mauro na Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tornou sem efeito decreto, publicado em 7 de outubro no Diário Oficial da União (DOU), referente à admissão na Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz, da embaixadora das Filipinas no Brasil, Marichu Mauro (foto principal).
A condecoração é destinada a chefes de Estado, chefes de Governo, príncipes, presidente do Poder Legislativo, presidentes das Cortes Supremas de Justiça, ministros de Estado, embaixadores, governadores, almirantes, marechais, marechais-do-ar, almirantes-de-esquadra, generais-de-Exército, tenentes-brigadeiros e outras personalidades de hierarquia equivalente.
A decisão foi publicada no DOU desta terça-feira (3/11).
Persona non grata
Marichu Mauro foi flagrada agredindo com tapas no rosto e puxões de orelha uma empregada doméstica da residência oficial da representação diplomática do país asiático em Brasília. As gravações integram inquérito do Ministério Público do Trabalho (MPT). A vítima, de 51 anos, é de origem filipina e embarcou para seu país de origem no último dia 21.
O governo das Filipinas ordenou, em 26 de outubro, o retorno da embaixadora ao país. O chefe da diplomacia filipina, Teddy Locsin Jr., disse, em uma rede social, que a embaixadora deveria voltar imediatamente para “explicar os maus-tratos com sua equipe de serviços gerais”.
Marichu Mauro estava no cargo desde 7 de abril de 2018. Ela chegou a ser homenageada pelo então presidente Michel Temer, que recebeu suas credenciais diplomáticas. No início de outubro, foi condecorada pelo presidente Jair Bolsonaro. Desde janeiro, Marichu Mauro também representa as Filipinas na Venezuela como embaixadora não residente. Ela é, ainda, embaixadora na Guiana, na Colômbia e no Suriname.
Outras agressões
O MPT investiga se a embaixadora agrediu outros funcionários da representação diplomática. As câmeras de vigilância interna do prédio registraram cenas de possíveis agressões verbais, de acordo com a procuradora Carolina Mercante.
Ao todo, de acordo com a investigação, a embaixada conta com 12 funcionários, sendo três deles brasileiros. Os outros teriam nacionalidade filipina.