Brasil não fecha acordo com Israel para spray nasal contra Covid-19
Telegramas e documentos entre Tel Aviv e Itamaraty estão sob sigilo até 2036
atualizado
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O Itamaraty afirmou que Brasil e Israel não firmaram um acordo para teste e importação do spray nasal EXO-CD24, que seria mais uma arma no combate à pandemia da Covid-19. Em março, uma comitiva liderada pelo ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo foi até o país para fechar o contrato. As informações são do UOL.
O governo federal ainda anunciou que as informações sobre a viagem da delegação brasileira ficarão sob sigilo até 2036, uma vez que todos os telegramas diplomáticos entre Brasil e Israel foram classificados como reservados ou secretos. O Itamaraty não explicou a razão pela qual os documentos estão sob caráter sigiloso pelos próximos 15 anos.
Na comitiva, estavam o Secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcelo Morales, o Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, o Secretário Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, o assessor especial para assuntos internacionais do Planalto, Filipe Martins, e os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Hélio Negão.
A viagem, que custou mais de R$ 88 mil aos cofres públicos, também foi alvo de polêmicas após os membros do grupo aparecerem sem máscara.
As informações sobre o resultado da viagem foram divulgadas após a bancada do PSol solicitar explicações sobre o encontro. Na resposta, o novo chanceler, Carlos França, afirmou que houve reuniões com objetivo de firmar um acordo que trouxesse os testes da fase 2 do spray nasal para o Brasil, mas que a cooperação não se concretizou apesar de a delegação ter praparado cartas de intenção em inglês e português.
Na resposta, o ministro submeteu a proposta de contrato, com assinatura de Ernesto Araujo e de autoridades israelenses, mas sem aval do Ministério da Saúde. O Itamaraty reiterou que a proposta não tinha elementos “juridicamente vinculantes, nem previsão de gravames financeiros ou obrigações de qualquer espécie para as partes participantes naquela etapa das tratativas”.
No entanto, Carlos França insistiu que a viagem “não deve ser reduzida às iniciativas de cooperação no domínio da Saúde, muito menos às tratativas para potencial desenvolvimento do spray nasal”, uma vez que o grupo tinha objetivos de cooperação com as áreas tecnológicas, de telemedicina e agência espacial.
Contradição sobre Instituto Weizmann
Também não houve acordo com a instituição israelense Weizmann, que faz diversas pesquisas no campo da pandemia, contrariando a informação que a própria delegação deu sobre o encontro com autoridades do Instituto, em março.
No comunicado, o grupo havia afirmado que “firmou cooperação, de curto prazo, com o Instituto Weizmann, para pesquisas de combate à Covid. A longo prazo, foi estabelecida cooperação em outras áreas, entre elas, a bioeconomia”.
No entanto, o Itamaraty corrigiu a informação e disse: “Ao final do encontro, decidiu-se pela adoção simbólica, por consenso e sem assinatura, de um plano de trabalho entre o MCTI e o Instituto Weizmann”.