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Brasil não está imune a apagões no sistema aéreo, dizem especialistas

Pane cibernética dessa sexta-feira (19/7) gerou alerta mundial, ao provocar atrasos e cancelamentos de voos nos aeroportos

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Imagem colorida de saguão de aeroporto tomado por multidão - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de saguão de aeroporto tomado por multidão - Metrópoles - Foto: Sean Gallup/Getty Images

O caos em aeroportos de vários países, ocasionado pelo apagão cibernético dessa sexta-feira (19/7), que afetou sistemas de diferentes setores da economia, acendeu um sinal de alerta para o Brasil. Embora o país não tenha sido atingido de maneira tão ampla, até que ponto a malha aérea nacional está imune a esse tipo de situação?

O funcionamento regular dos aeroportos e do controle de tráfego aéreo depende do auxílio de sistemas computacionais. Especialistas da área ouvidos pelo Metrópoles dizem que as interfaces e tecnologias utilizadas pelo Brasil são tão seguras quanto as de qualquer outro país e que, por isso, elas também estão suscetíveis a panes e apagões.

Engenheiro aeronáutico e professor de transporte aéreo e aeroportos da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Eduardo Leal Medeiros diz que, por mais seguro e isolado que um sistema seja, “não existe imunidade completa, tecnicamente falando”.

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Duas aeronaves tiveram de aguardar para decolar por causa de cachorro na pista
Passageiros no Aeroporto de Brasília.
Passageiros aguardam no check-in no Aeroporto Internacional de Brasília
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Passageiros aguardam no check-in no Aeroporto Internacional de Brasília

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Diferença entre sistemas

Quando se fala de aviação, no entanto, é preciso fazer algumas diferenciações. Outro especialista da USP, o professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Aeronáutica James Waterhouse, explica que a malha aérea funciona a partir da combinação de diferentes interfaces.

O apagão cibernético dessa sexta atingiu a interface comercial das empresas aéreas, ou seja, aquela que guarda dados e informações de passageiros, bagagens e definição de assentos. Sem essas informações disponíveis no formato eletrônico, todo o processo de embarque dos aeroportos precisou retornar ao método manual, o que, inevitavelmente, ocasiona atrasos.

Essa parte comercial, porém, não está ligada à interface técnica do sistema aéreo, que é aquela responsável pela segurança e pelo controle do tráfego de aviões. Segundo Waterhouse, a parte técnica é mais segura e resistente a apagões, porque ela funciona isoladamente, sem interligação com outros sistemas e, por isso, é menos exposta.

Apesar desse aspecto, é impossível atestar 100% de segurança, inclusive contra eventuais panes. A chance de interferência é mínima, mas, como em qualquer sistema, ela existe. A interface técnica passou ilesa pelo apagão dessa sexta, mas o funcionamento correto da parte comercial é imprescindível.

“Uma pane no sistema comercial gera caos, porque a premissa da aviação comercial é transportar passageiros. Sem os dados deles, é preciso fazer tudo manualmente, e isso gera atrasos em toda a malha aérea, como um efeito dominó”, aponta Waterhouse.

Algumas empresas foram mais atingidas do que outras

Outra lição que se tirou do apagão cibernético é que algumas empresas podem ser mais atingidas do que outras, a depender do sistema que elas utilizam. Entre as companhias aéreas do Brasil, por exemplo, a Azul saiu mais prejudicada, enquanto Gol e Latam registraram poucos atrasos.

A paralisação cibernética dessa sexta ocorreu por causa de uma falha na atualização do sistema de segurança Crowdstrike, da Microsoft. Para uma companhia ter sido atingida, ela teria que usar o sistema Windows, ser cliente do Crowdstrike e ter permitido a atualização da ferramenta, que foi liberada durante a madrugada – à 1h09 no horário de Brasília.

Esse horário, inclusive, foi um fator positivo para evitar que o impacto no Brasil fosse ainda maior. Outra questão é o fato de que a Crowdstrike possui uma base de clientes pequena no país, quando comparada com outros locais, como Estados Unidos e nações da Europa.

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