“Brasil é sempre muito atrasado”, admite Lula ao lançar Escola em Tempo Integral
Lula comparou a implantação da escola integral ao fim da escravidão e ao direito das mulheres ao voto
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou, na manhã desta segunda-feira (31/7), a lei que institui o Programa Escola em Tempo Integral. Durante a cerimônia, o petista reconheceu que o Brasil está sempre atrasado para implantar medidas que melhorem a qualidade de vida dos habitantes.
“No Brasil, tudo sempre é muito atrasado: o voto da mulher demorou muito, a liberação dos escravos demorou muito, a independência demorou muito. A igualdade salarial entre homem e mulher só foi feita há 20 dias, porque o Congresso Nacional aprovou. A escola em tempo integral chega atrasada, podíamos ter feito há 20 anos, mas não foi feito”, declarou Lula, que ocupava a Presidência do país duas décadas atrás.
Segundo o governo federal, o objetivo da iniciativa é ampliar em 1 milhão o número de matrículas de tempo integral nas escolas de educação básica de todo o Brasil, ainda neste ano. A meta é alcançar 3,2 milhões de matrículas até 2026.
O programa vai liberar R$ 4 bilhões para estados, municípios e o Distrito Federal expandirem a oferta de jornada em tempo integral na rede pública.
Durante o discurso, Lula ainda disse que espera tornar a escola pública um referencial, a ponto de ricos e classe média deixarem de pagar por uma educação particular e colocarem seus filhos na rede pública.
“A escola pública é a garantia que as crianças das famílias pobres tenham a mesma qualidade do estudo que a das ricas. Uma coisa que eu tenho consciência é que quando a escola tiver boa, os filhos de ricos virão para a escola pública. Todos os cientistas vieram de escola pública. As pessoas não vão mais querem gastar 3 ou 4 mil para que as crianças tenham uma educação de qualidade”, afirmou o petista.
Escola integral
O programa é um mecanismo de fomento do governo federal, em parceria com União, estados e municípios para alcançar a Meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE): oferecer “educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica”.
O Relatório do 4º Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE 2022 mostra que o percentual de matrículas em tempo integral na rede pública brasileira caiu de 17,6%, em 2014, para 15,1%, em 2021.
Coordenado pela Secretaria de Educação Básica do MEC, o Programa Escola em Tempo Integral terá, em conjunto com o fomento financeiro, ações de assistência técnica às secretarias e comunidades escolares, com o objetivo de aprimorar o trabalho pedagógico da educação em uma perspectiva integral.
O programa considera, além do tempo e de sua ampliação, o uso dos espaços dentro e fora da escola, os diferentes saberes que compõem o currículo escolar, a articulação com os campos da saúde, cultura, esporte, ciência e tecnologia, meio ambiente e direitos humanos, entre outras estratégias para melhorar as condições de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.