Brasil é o 3º país mais inseguro da América do Sul, diz pesquisa
A pesquisa analisou informações de 163 países e colocou o Brasil em 131º em termos de segurança
atualizado
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Mesmo sem estar em guerra civil ou em conflito com outras nações, o Brasil é considerado um dos países mais perigosos do mundo. Um estudo do Institute for Economics and Peace (IEP), publicado em 11 de junho, analisou dados de 163 países e colocou o Brasil na 131ª posição em termos de segurança.
O levantamento se baseia em 23 indicadores para aferir o nível de segurança, baseados em três eixos: conflitos em curso, medidas de segurança e proteção, e militarização.
Na América do Sul, o Brasil figura em terceiro lugar no ranking de países mais inseguros, ficando atrás apenas da Venezuela e Colômbia. No ranking global, Iêmen, Sudão e Sudão do Sul são os mais inseguros, enquanto Islândia, Irlanda e Áustria são os mais seguros.
O IEP estima que a violência tenha gerado um impacto de US$ 19,1 trilhões em todo o mundo no ano de 2023, usando o indicador de paridade de poder de compra, sendo que a maior parte desse valor se refere a gastos militares e com segurança interna. No Brasil, a pesquisa apontou que a violência custou ao país 11,08% do seu PIB.
Insegurança e economia
Os altos índices de violência no Brasil não apenas afetam a segurança da população, mas também geram grandes impactos na economia.
As empresas brasileiras, por exemplo, gastam, anualmente, cerca de R$ 171 bilhões para tentar evitar episódios de violência, segundo uma compilação feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada no Atlas da Violência. O número equivale a 1,7% do PIB de 2022.
Estimativas do Ipea apontam também que o custo total com segurança no país, ainda em 2022, representa por ano cerca de 5,9% do PIB, o equivalente a R$ 595 bilhões. Além dos gastos com segurança privada, a conta inclui despesas do governo e perdas de produtividade com homicídios.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que, se o Brasil conseguisse reduzir sua criminalidade à média mundial, o PIB do país poderia crescer 0,6 ponto porcentual a mais anualmente.
Impactos da insegurança para empresas
Segundo o economista César Bergo, a insegurança afeta diretamente pequenas, médias e grandes empresas. Ele explica que um ambiente inseguro afasta investidores, reduzindo oportunidades de negócios e emprego.
Além disso, as empresas que decidem operar no país precisam investir pesadamente em segurança, aumentando seus custos operacionais. Esses fatores, somados, criam um ambiente desestimulante para o empreendedorismo.
“Outro aspecto é com relação aos consumidores. Geralmente, eles evitam sair na rua em alguns horários e locais devido a insegurança, então tem muitos negócios que não conseguem funcionar nessas condições”, explica Bergo.
Uma pesquisa do Datafolha de março deste ano reforça essa percepção, mostrando que 65% dos brasileiros sentem algum grau de insegurança ao caminhar pelas ruas à noite, por exemplo.
Tatiana Alves, de 38 anos, é proprietária de uma lanchonete localizada em Luziânia, em Goiás, no entorno do Distrito Federal. Ela afirma que manter o comércio aberto, depois das 19h, é “quase impossível”.
“É muito difícil manter o comércio aberto depois que escurece, a partir de umas 18h ou 19h, quase impossível. Não tem muito o que fazer, se deixo a loja aberta, corro o risco de sofrer um assalto. Se não abro, o faturamento é menor. Situação complicada”, desabafa.
Consequências da insegurança para o turismo
O setor de turismo, um dos mais promissores para a economia brasileira, também sofre com a insegurança.
Destinos conhecidos, como o Rio de Janeiro, têm suas reputações manchadas por relatos de violência, afastando turistas e reduzindo a receita gerada pelo setor.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a cidade maravilhosa, por exemplo, chegou a ter perda de receita turística em 3,3 bilhões devido à violência.
O economista César Bergo afirma que “a imagem de um país violento desestimula visitantes estrangeiros, resultando em perdas significativas para um setor vital da economia brasileira”.