Brasil é 7º em emissão de gases de efeito estufa, diz relatório
Segundo levantamento, a produção das substâncias ficou estável no ano passado, mas o país precisa fazer mais
atualizado
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As emissões brasileiras de gases de efeito estufa se mantiveram estáveis em 2018, segundo nova estimativa do Sistema de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima. No ano passado, o país teve emissões brutas de 1,939 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (CO2e), um valor 0,3% maior do que o 1,932 bilhão de toneladas verificado em 2017. Apesar da estabilidade, Brasil ainda é a 7ª nação a mais produzir esse tipo de substância.
Segundo o levantamento, as emissões decorrentes da alta de 8,5% no desmatamento da Amazônia no ano passado foram em parte compensadas por uma redução de cerca de 10% na destruição do Cerrado, o que fez as emissões por mudança de uso da terra crescerem 3,6%.
No setor de energia, registrou-se queda de 5% nas emissões, ocasionada por um aumento expressivo (13%) no uso de etanol no transporte de passageiros, pela adição obrigatória de biodiesel ao diesel e pelo incremento de renováveis na geração de eletricidade.
Nessa área, houve também crescimento da energia eólica e aumento das chuvas, que fizeram o governo desligar termelétricas fósseis e acionar usinas hidrelétricas. Devido ao menor acionamento de usinas térmicas, as fontes não-hídricas ultrapassaram as fósseis pela primeira vez e, em 2018, foram a segunda maior fonte de eletricidade para o país.
Já as emissões de agropecuária, processos industriais e resíduos tiveram pequenas variações: queda de 0,7% no primeiro setor e aumento de 1% nos outros dois.
7ª posição
Mesmo com a aparente boa notícia, o perfil das emissões brasileiras indica que o país, que é o sétimo maior poluidor climático do planeta, ainda não incorporou uma trajetória consistente de redução de emissões. “Manter as emissões brasileiras estáveis num mundo que continua aumentando as emissões é importante, mas não suficiente. O planeta precisa que as emissões sejam reduzidas com vigor nos próximos anos, e infelizmente nosso cenário de emissões para 2020 é de aumento”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador-técnico do OC e coordenador do Seeg.
Nos dois anos anteriores (2016 e 2017), as emissões vinham em queda (0,4% em 2016 e 4,2% em 2017). Em 2019, elas deverão sofrer crescimento importante, devido à explosão no desmatamento na Amazônia e no Cerrado. “O desmatamento deste ano ainda não está capturado nesta estimativa”, salientou Azevedo.
O país não cumprirá a meta estabelecida para 2020 em sua lei nacional de clima de reduzir em 80% a taxa de desmatamento na Amazônia. Mesmo que todo o desmatamento parasse hoje, a elevação detectada pelo sistema de monitoramento do Inpe nos últimos meses já nos coloca num patamar superior aos 3.925 km2 estabelecidos na lei. Com a meta de 2020 prejudicada, o país parte de uma posição pior para cumprir sua NDC, a meta do Acordo de Paris.