“Brasil deve considerar seriamente fazer lockdown”, diz Anthony Fauci
Médico norte-americano ficou conhecido por liderar força-tarefa contra a pandemia nos EUA e contrariar declarações de Trump
atualizado
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Em meio ao pico da pandemia de Covid-19 no Brasil, o médico norte-americano Anthony Fauci afirmou que o governo brasileiro precisa “considerar seriamente” fazer um “lockdown“. Ele ficou reconhecido ao contrariar publicamente as declarações do então presidente dos EUA Donald Trump, que minimizou a gravidade do vírus.
“Não há dúvida de que medidas severas de saúde pública, incluindo lockdowns, têm se mostrado muito bem-sucedidas em diminuir a expansão dos casos. Então, essa é uma das coisas que o Brasil deveria pensar e considerar seriamente, dado o período tão difícil que está passando”, argumentou Fauci em entrevista à BBC News.
O médico, que liderou uma força-tarefa contra a pandemia nos EUA, prefere não tratar o Brasil como “ameaça” – termo que vem sido difundido pela imprensa internacional devido ao aumento do número de mortes pela doença. Para ele, serão necessárias duas medidas para evitar mais mortes: aumento na vacinação e adoção de medidas restritivas severas.
Fauci, que chefia o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) desde 1984, não quis comentar sobre a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no agravamento da pandemia.
Ele disse, no entanto, que o exemplo dos Estados Unidos, onde mais de 550 mil morreram de Covid-19, mostra ao Brasil que “negar a gravidade do surto nunca ajuda. Na verdade, muitas vezes piora a situação”.
“Para controlar uma epidemia, você precisa admitir que tem um problema sério. Depois de admitir que tem um problema sério, você pode começar a fazer as coisas para resolvê-lo”, afirmou Fauci.
Para ele, os países que tiveram mais eficiência em lidar com a Covid-19, como Austrália e Nova Zelândia, devem seu sucesso ao acerto de um comando central que contou com a cooperação da população. “Quando você tem conflitos, sejam eles políticos ou não, isso sempre diminui a eficácia do controle do vírus”.