Brasil corre risco de ficar sem testes para Covid por falta de insumos
Produção é insuficiente para suprir a alta procura pelo exame. Circulação da variante Ômicron disparou busca pelo diagnóstico
atualizado
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O Brasil pode ficar sem testes para detecção da Covid-19, doença causada pelo coronavírus, por falta de insumos para a produção do exame.
Nesta quarta-feira (12/1), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), por meio de seu Comitê de Análises Clínicas, divulgou alerta para o possível desabastecimento.
A entidade pede “a utilização criteriosa de testes” para evitar risco de redução na oferta de exames para detecção da Covid-19.
“A importância da testagem de toda a população para controle epidemiológico e manejo de pacientes em uma pandemia é reconhecida por todos os profissionais de saúde e até mesmo por pacientes”, frisa o texto.
O comunicado ressalta que o problema já ocorre em outras partes do mundo. O motivo é a alta demanda de exames com a circulação da variante Ômicron.
“A alta transmissibilidade da nova variante causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno, e se os estoques não forem recompostos rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames”, explica a Abramed.
O alerta salienta, “quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil, não sendo possível mensurar neste momento até quando poderemos atender, pois os estoques são variados dependendo do laboratório e da região, mas há um risco real de desabastecimento”, conclui o texto.
A Abramed recomenda que os testes sejam usados prioritariamente em:
- Pacientes que tenham maior gravidade de sintomas
- Pacientes hospitalizados e cirúrgicos
- Pessoas nos grupos de risco
- Gestantes
- Trabalhadores assistenciais da área da saúde
- Colaboradores de serviços essenciais
A Abramed enviou o alerta para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Ministério da Saúde, além de entidades privadas do setor.
Autoteste
O alerta surge em meio aos debates da liberação do autoteste no Brasil. A Anvisa e o Ministério da Saúde negociam a criação de uma política pública para autotestagem de Covid-19. Técnicos da pasta entendem que os exames podem ser importantes para o controle da variante Ômicron.
Nas conversas, a tendência mais forte é que seja elaborada uma normativa temporária para o uso do exame. Um dos pontos que exigem mais atenção é o fato de a Covid-19 ser uma doença de notificação compulsória, ou seja, obrigatória.
No Brasil o autoteste ainda não é permitido, apenas as farmácias realizam os exames, que são feitos com a coleta de material no nariz usando cotonete ou por saliva.
Na Europa, por exemplo, há seis modelos diferentes de autotestes rápidos de antígeno certificados pelo Centro Comum de Investigação da União Europeia, serviço científico da Comissão Europeia.
Os exames são vendidos livremente em farmácias, sem exigência de prescrição médica, e têm resultado detectado entre 10 e 30 minutos.
O autoteste, porém, tem sensibilidade menor do que outros exames (como o PCR) e está sujeito a erro do paciente não treinado.