metropoles.com

Braga Netto orientou ataques a atual comandante do Exército, diz PF

Informação sobre Braga Netto está em relatório da PF. O general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello também se encontra no documento

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Ministro da Defesa, general Braga Netto, apresenta os novos comandantes da Marinha - metrópoles
1 de 1 Ministro da Defesa, general Braga Netto, apresenta os novos comandantes da Marinha - metrópoles - Foto: null

O relatório da Polícia Federal que serviu como base para a Operação Tempus Veritatis aponta que o ex-ministro da Defesa Braga Netto orientou ataques ao general Tomás Paiva – atualmente, comandante do Exército. Mensagens apreendidas pela PF mostram textos repletos de ataques, os quais a corporação considerou uma tentativa deliberada de “atingir a reputação” do general.

A atuação de Braga Netto contra Tomás Paiva foi revelada pela colunista de O Globo Malu Gaspar. No dia 17 de dezembro de 2022, cinco dias após a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-chefe da Casa Civil relatou ao militar Ailton Barros uma suposta visita de Paiva ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas.

No diálogo, Braga Netto afirmou que o colega de oficialato “nunca valeu nada” e tentou vinculá-lo ao PT. O ex-ministro orientou Barros a disseminar uma mensagem repleta de ataques. Braga Netto acrescentou que o hoje comandante do Exército teria falado mal de todo o Alto Comando da Força.

“Parece até que ele é PT desde pequeninho”, escreveu Braga Netto sobre Paiva. “Nunca valeu nada”, acrescentou. Ainda em referência ao atual comandante, o ex-ministro disse que “a ambição derrota o caráter dos fracos… Aliás, revela”. A troca de mensagens termina com um pedido ao interlocutor: “Pode viralizar”.

O objetivo da pressão do então auxiliar de Bolsonaro seria constranger oficiais do alto escalão a participarem do plano que previa manter o grupo no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

Na semana passada, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizando a operação da PF já havia mostrado elementos da ação de Braga Netto, como a orientação a ataques ao comandante da Aeronáutica na ocasião, tenente-brigadeiro do ar Baptista Júnior, e em ofensas ao então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes. Braga Netto chega a chamá-lo de “cagão”.

Além de ataques de Braga Netto, atuação de Pazuello

O documento, ao qual O Globo teve acesso, também revela a atuação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na trama golpista. O relatório entregue ao STF reuniu indícios de que Pazuello, que não esteve entre os alvos da operação da semana passada, foi um dos aliados de Bolsonaro que defenderam a ruptura constitucional.

De acordo com a PF, um dos elementos é um áudio gravado em 8 de novembro de 2022, no qual o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, relata a um interlocutor que o então presidente estava recebendo visitas “no sentido de propor um ruptura institucional” e “pressioná-lo a tomar medidas mais fortes para reverter o resultado das eleições”.

Segundo a PF, a gravação foi endereçada “aparentemente” a Freire Gomes.

“O cenário apresentado por Mauro Cid ao general Freire Gomes, na data de 8 de novembro de 2022, já demonstra uma atuação do atual deputado federal, o general Eduardo Pazuello, no sentido de propor uma ruptura constitucional, com fundamento em uma interpretação anômala do art. 142 da Constituição Federal”, afirma a PF.

Até mesmo antes das eleições de 2022, vencidas por Lula, bolsonaristas difundiam a ideia de que o artigo 142 da Constituição, que regula o papel das Forças Armadas, poderia ser usado como base para rejeitar o novo governo. A interpretação, já refutada pelo próprio STF, é que o dispositivo autorizaria uma intervenção dos militares como um “Poder Moderador”.

Dados do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) obtidos pela PF confirmam que Pazuello esteve no Palácio da Alvorada em 7 de novembro de 2022 e passou quase 11 horas no local, das 7h30 às 18h20. Cid também estava na residência oficial.

No momento em que Pazuello apresentou a proposta a Bolsonaro, segundo Cid, o então presidente “desconversou e nem quis saber”. Na delação premiada, homologada pelo STF, Cid afirmou, segundo a PF, que Pazuello “integraria o grupo de radicais que queriam reverter o resultado das eleições”.

A defesa de Cid afirmou que não pode “emitir conclusões” enquanto não tiver acesso aos autos da operação mais recente.

No mesmo documento, a PF afirma ainda que dados reunidos na investigação “comprovam” que Bolsonaro “analisou e alterou”, em dezembro de 2022, uma minuta de decreto que previa um golpe de Estado.

Além prisão de autoridades, o decreto previa a instauração do estado de sítio, medida que depende da aprovação do Congresso e é prevista na Constituição para situações de “comoção grave de repercussão nacional”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?