Boulos defende “fim do rapa” e ataca Márcio França: “Biruta de aeroporto”
Declarações foram dadas na rua 25 de março, onde ativista sem-teto propôs fim da apreensão violenta de mercadorias dos ambulantes
atualizado
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São Paulo – Guilherme Boulos, candidato do PSol, reivindicou não apenas o segundo lugar nas pesquisas para a Prefeitura de São Paulo, como criticou declaração de Márcio França (PSB), que disse que iria acabar o problema da população de rua em apenas 90 dias.
“Ele está em quarto lugar, mas faz discurso como se estivesse em primeiro”, declarou Boulos, emendando que o ex-governador parece uma “biruta de aeroporto”. “Ele tem algum problema de percepção da realidade. Talvez tenha a ver com as contradições que ele acumulou ao longo da vida. Não dá para confiar. Ele não tem credibilidade nenhuma”, disse o ativista.
Márcio França se tornou governador porque foi vice de Geraldo Alckmin (PSDB); antagonizou com João Doria, também do PSDB, para quem perdeu o Palácio dos Bandeirantes nas eleições de 2018; acenou a Bolsonaro ainda em 2018 e, em agosto de 2020, e hoje se declara um representante da esquerda.
Segundo pesquisa Datafolha mais recente, Márcio França está numericamente atrás de Guilherme Boulos, em quarto lugar. Junto com Celso Russomanno (Republicanos), contudo, os três candidatos estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro.
As declarações de Guilherme Boulos foram feitas a jornalistas em caminhada na rua 25 de março, nesta segunda-feira (09/11). O candidato socialista à Prefeitura de São Paulo conversou com comerciantes e vendedores ambulantes. “Vai pagar o baião?” e “vai acabar com o rapa?” foram as perguntas que o ativista mais ouviu das ruas.
“Amigo, não dá, isso é compra de voto”, argumentou Boulos à primeira pergunta. “Pode contar comigo, todo mundo tem o direito de trabalhar”, respondeu à segunda.
O candidato tem defendido uma mudança de orientação para a Guarda Civil Metropolitana (GCM), que teria atuação preventiva para coibir furtos. “Não é papel da GCM correr atrás de trabalhador e arrancar mercadoria; mas também nós temos que regularizar o comércio informal, coisa que esse governo não fez. Os últimos governos deram pancada em camelô, mas não deram oportunidade para ele se regularizar.”
Os ambulantes da região guardam mágoa da gestão atual, que intensificou a fiscalização e a apreensão de mercadorias a partir de 2019. “O rapa levou tudo, foi tudo, levou até os panos de prato que a minha mãe fazia à mão; foi tudo parar no rolo compressor do [Bruno] Covas”, disse o vendedor ambulante Alvanir Barboza. Barboza se refere à ação de apreensão de dezembro de 2018, quando o prefeito Bruno Covas (PSDB) dirigiu um rolo compressor sobre mercadorias embargadas pela fiscalização municipal.
Barboza, com 58 anos, diz estar indeciso e desconhece o candidato que passou por seu tabuleiro. O comerciante é um bom representante da parcela do eleitorado em que Guilherme Boulos menos tem preferência de voto: homens mais velhos com pouca escolaridade.
“Não é que exista uma rejeição entre os mais velhos. A nossa rejeição até diminuiu depois de dias de pancadaria na TV vinda do Márcio França e do Russomanno. A questão é que essas pessoas não nos conhecem. O esforço que a gente tem feito nessa reta final é fazer com que os mais velhos tenham contato com as nossas propostas”, declarou Guilherme Boulos.