Após fim de evacuamento, bombeiros voltam a fazer buscas por vítimas
Acesso ao Centro de Brumadinho foi liberado e corporação ainda acredita na possibilidade de encontrar pessoas com vida
atualizado
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Enviada especial a Brumadinho – O Corpo de Bombeiros voltou a realizar buscas em Brumadinho (MG) no início da tarde deste domingo (27/1). A atividade havia sido suspensa durante a evacuação da cidade, após risco de rompimento da Barragem VI. A entrada do centro da cidade foi liberada e os moradores, autorizados a voltarem às suas casas.
O Corpo de Bombeiros estava monitorando o volume de água no complexo. As autoridades baixaram o risco de quebra do concreto para o nível um – antes estava avaliado em dois, numa escala de três pontos. Equipes ainda bombeiam o líquido para diminuir o volume da Barragem VI. Até as 14h, o complexo abrigava 840 mil m³ de água, e a capacidade máxima é de 3 a 4 milhões de metros cúbicos.
Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, ainda existe a possibilidade de a corporação encontrar pessoas com vida. Mas foi preciso suspender o trabalho durante toda a manhã para não colocar em perigo as equipes de resgate. O caminho percorrido pela lama estava dentro da área de risco do novo rompimento.
Comunidades inteiras haviam sido evacuadas. Todas as famílias de Pires e Parque da Cachoeira foram retiradas de suas casas. Mas os militares ainda trabalhavam em outras zonas de risco: Novo Progresso, Ipiringa, Centro, São Conrado, Santo Antônio e Cohab. Além de deixar 3 mil desabrigados, a quebra da nova barragem poderia resultar em 24 mil pessoas sem energia e água.
A Defesa Civil está trabalhando com a Vale para ajustar a lista de desaparecidos. Moradores estavam reclamando que os nomes divulgados pela mineradora só contemplavam funcionários da empresa. Terceirizados e habitantes de Brumadinho teriam ficado de fora. “Vamos refinar os números, mas por enquanto são: 361 localizados, 287 desaparecidos, 192 resgatados e 37 mortos”, explicou o tenente-coronel da Defesa Civil Flávio Godinho.
Enquanto isso, a Polícia Civil continua trabalhando em Belo Horizonte para identificar os corpos encontrados, alguns estão dilacerados. Segundo o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Wagner Pinto de Souza, 16 corpos foram reconhecidos e oito já foram entregues às famílias. Cerca de 460 parentes de moradores da região entregaram informação para ajudar nesse processo.
A Polícia Civil também está montando o inquérito policial. Agentes estão reunindo informações, periciando provas criminais e juntando provas técnicas e documentais. Ninguém foi intimado, mas houve a catalogação de possíveis testemunhas. A Vale tem cooperado com as investigações.
Desastre
A barragem Mina Feijão, em Brumadinho (MG), rompeu-se por volta das 13h de sexta-feira (25/1). O vazamento de lama fez com que uma outra barragem da Vale transbordasse. O restaurante da companhia foi soterrado. O prédio administrativo também foi atingido.
A lama se espalhou pela cidade e moradores precisaram deixar as casas. Equipes de bombeiros e da Defesa Civil foram mobilizadas para a área e estão em busca de vítimas. Tanto o governo federal quanto o local montaram gabinetes de crise e deslocaram autoridades para a região.
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), sobrevoaram a localidade da tragédia na manhã de sábado (26).