Bombeiro fica indignado com coach após resgate em montanha e viraliza
Grupo de 32 pessoas precisou de socorro dos bombeiros no Pico do Marins, por conta do mau tempo. Tenente reclamou da postura do coach
atualizado
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Um grupo de 32 turistas foi notícia na quinta-feira (6/1), após mobilizar o Corpo de Bombeiros de São Paulo para uma operação de resgate no Pico do Marins. Stories no Instagram, feitos pelo tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, viralizaram logo depois do incidente, pelo tom de indignação do oficial com a atitude do coach que liderava as pessoas na aventura considerada perigosa.
Nas postagens feitas no perfil do tenente, ele descreve parte da situação passada pela equipe dos bombeiros para conseguir trazer, em segurança, o grupo de turistas. Embora não tenha participado do resgate, Aihara usa trechos de Stories postados pelo coach messiânico identificado como Pablo Marçal, que fez vídeos da aventura perigosa, minimizando o perigo iminente à vida de todos que estavam lá.
“Um ‘coach’ irresponsável fanfarrão coloca 60 pessoas para subir o Pico do Marins debaixo de chuva. Sem conhecimento técnico, sem suporte adequado, sem estrutura, porque, segundo ele, ‘é tudo emocional’. PS: respeito profundamente quem exerce adequadamente a profissão de coach, que definitivamente não é o caso desse indivíduo”, comentou o militar.
O tenente também ressaltou o perigo a que todos estavam expostos e que o coach nem sequer agradeceu aos bombeiros pelo resgate. “Não satisfeito em colocar todas essas pessoas em risco altíssimo (CBMMG já buscou muita gente sem vida no Marins em outras ocorrências inclusive), o cara ainda paga de gatão nas redes sociais e sequer cita o fato de terem sido resgatados pelos irmãos do @corpodebombeirosdapmesp e ainda aproveita para vender a imersão/curso dele como se tivesse tudo certo”, reclama o oficial, que ficou conhecido nacionalmente durante os resgates de vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho.
Também no Instagram, Pablo Marçal chegou a comentar o trabalho dos bombeiros, mas ressaltou que o chamado de socorro ocorreu apenas “por precaução”. “Decidi chamar o bombeiros porque perdemos a comunicação por rádio com o grupo que ficou na base do pico. Mas descobrimos no outro dia que estavam todos em paz com o guia deles”, escreveu em um dos Stories, agradecendo pela ajuda dos cinco bombeiros e dos três guias particulares destacados para o resgate.
Caiu na rede
Prints dos Stories do tenente foram postados no Twitter e viralizaram rapidamente. “O bombeiro putaço com o coach, eu tô sem ar de rir”, escreveu a usuária Babi. Centenas de comentários surgiram desde então, com muitas pessoas concordando com o “puxão de orelha” do bombeiro.
“Para o Pedro Aihara ter usado determinados termos, é porque a coisa foi séria. Ele atuou no ‘desastre’ de Brumadinho, sempre muito calmo, tranquilizando a população e acalentando as famílias sem minimizar nenhuma dor. Um grande profissional”, analisou uma pessoa. “Muito irresponsável quem promove este tipo de ‘aventura’ e irresponsável também quem aceita ir”, completou outra.
O Metrópoles entrou em contato com o tenente Aihara e com o coach Pablo Marçal, mas não houve resposta de ambos. O espaço segue aberto para manifestações.
O bombeiro putaço com o coach eu to sem ar de rir pic.twitter.com/wVbJtrsgeP
— Babi (@babi) January 7, 2022
Nove horas para o resgate
A operação de resgate do Corpo de Bombeiros de São Paulo durou cerca de nove horas, desde o início das buscas, por volta das 4h30 de quarta-feira (5/1). Segundo a corporação, os 32 turistas estavam divididos em dois grupos e acampavam no Pico dos Marins, em Piquete, um dos mais altos do estado de São Paulo.
Durante a madrugada, eles foram surpreendidos por uma chuva intensa, com ventania, que arrastou as barracas montadas pelo grupo. Eles acionaram socorro dos bombeiros por volta das 3h30 e foram resgatados por volta das 10h. A saída deles da região foi muito difícil por conta do terreno acidentado, da chuva e da ventania.
Levados para a base da trilha por volta das 13h40, os montanhistas foram avaliados pelos bombeiros e liberados sem ferimentos.