Bolt, o elétrico da Chevrolet, é ótimo para dirigir. De ruim, o preço
Entre-eixos testa o monovolume e constata: força para acelerar é o que provoca mais prazer. Autonomia é ótima e preço, excessivo
atualizado
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A General Motors triplicou a quantidade de concessionárias para vender e dar assistência ao Chevrolet Bolt EV, o primeiro carro elétrico da marca, no Brasil: passou de 26 para 79. Agora, são 50 cidades em quase 20 estados. No Distrito Federal, já estavam preparadas para tal fim a Carrera e a Pedragon; agora, foi autorizada também a Jorlan. Isso é muito bom. Afinal, o comércio de carros elétricos já é uma realidade no país. Em alguns países, então, nem se fala: a própria GM, por exemplo, vai ampliar os investimentos em veículos eletrificados e autônomos para US$ 35 bilhões até 2025.
A General Motors mandou ao Entre-eixos um exemplar para avaliação. Foram três dias de uso, o suficiente para compreender suas idiossincrasias – fácil de entendê-las desde que se esteja aberto para novidades. Vale lembrar: o Bolt EV vem de Detroit (EUA) e chegou às lojas em março do ano passado, fechando 2020 como o carro elétrico mais vendido em sua categoria no Brasil. Até agora mais de 130 unidades foram emplacadas do modelo. Também, pudera: ele tem preço um pouco acima dos R$ 270 mil.
Primeira característica: o abastecimento
O exemplar cedido pela General Motors já veio completamente carregado. Junto, um carregador básico que é fornecido aos consumidores no ato da compra. É uma tomada residencial, comum, de 220 VAC/10 A. O veículo só circulou por Brasília – e a proposta de carro elétrico, vale lembrar, é uso urbano mesmo. Foi feito um carregamento apenas para teste: a taxa de carregamento se mostrou lenta (o equivalente a 10 km por hora de carga, segundo a própria GM). Mas, calma: você pode (e deve) comprar à parte um carregador rápido (240 VAC/32 A). É facílimo de usar usar. Basta instalá-lo em sua casa, prédio etc. O carregamento sobe para uma taxa de 40 km por hora de carga. E mais: há várias estações públicas de carregamento super-rápido por aí, os chamados eletropostos: eles usam corrente contínua, em que a taxa de carregamento é de aproximadamente 145 km em apenas 30 minutos ou 80% de recarga total da bateria em apenas uma hora. O Entre-eixos usou, apenas como verificação de eficácia, um eletroposto de um shopping da cidade – e mais tranquilo impossível.
Segunda característica: a autonomia
O Bolt EV é equipado com motor de 203cv e baterias de 66 kWh, que garantem aceleração de 0 a 100 km em 7 segundos. Mas até onde e como voltar? O modelo percorre até 416 quilômetros com uma recarga completa – e aí entram vários fatores, como estilo de condução, aceleradas ‘alternativas’ em retas para sentir o torque etc. E sem jogar qualquer poluente na atmosfera ignorada por trumps-and-bolsonaros da vida. Ah, na estrada, nunca esqueça: quer manter a velocidade constante, pise no acelerador sempre – mas saiba que isso eleva o consumo de energia e reduz, consequentemente, a autonomia. Nas vias urbanas, o velho ‘freia-para-acelera’ aciona o sistema de regeneração, o que compensa o gasto de eletricidade.
Terceira característica: o design
A beleza é subjetiva, já dizia o poeta embriagado de fim-de-noite. Mas o fato é que, até mesmo pelas características (não tem o tradicional e pesado motor à frente), ele se adequa: a distância dos bancos dianteiros para o para-brisa é impressionante, passando a sensação que o carro é bem maior do que é. O MyLink com tela de 10,2″, o painel de instrumentos digital com tela de 8″, o carregador wireless e o sistema de som premium Bose garantem mais pontos na avaliação.
Quarta característica: preço
Para os padrões brasileiros, é caro: o dólar hipervalorizado fez o preço disparar e, hoje, ele custa acima dos R$ 270 mil. Fica restrito aos consumidores que têm preocupação ecológica, bom saldo bancário e, certamente, só andam diariamente nas vias urbanas ou por cidades próximas de onde moram. No caso de Brasília, seria aquele morador de condomínios que vem para o Plano Piloto diariamente, leva os filhos ao colégio, vai para o trabalho, circula em reuniões e volta no fim do dia para pegá-los e levá-los para casa. E ainda dá para fazer a feira sem se preocupar: o porta-malas tem capacidade para 478 litros.
Quinta característica: o prazer de guiar
Se você nunca ligou um carro elétrico, se prepare: não se ouve barulho, nem mesmo o tradicional tranco da ignição e a tendência é você reagir incrédulo. Sair da imobilidade é muito legal. Mas cuidado ao pisar o acelerador para não sair ‘cantando pneus’: o Bolt EV tem incríveis 36,6kgfm de torque, que surgem de forma direta e instantânea. Imaginem, claro, em ultrapassagens e retomadas. O problema é que quanto mais se usar essas aceleradas, mas vazio fica o ‘tanque’, ou a carga de energia. O motor é capaz de gerar 202cv.
E mais
√ O modelo vem com 10 airbags. E traz ainda alertas de ponto cego, tráfego cruzado em ré e colisão.
√ Parece estranho informar que um modelo desse valor venha de série com ar-condicionado digital e partida sem chave… Mas é isso.
√ O espelho retrovisor central é gerido por uma câmera e o assistente de estacionamento tem visão 360 graus
√ Seus concorrentes no Brasil são o Renault Zoe, o BMW i3 e o Nissan Leaf
√ Como o centro de gravidade dele é baixo, em função da instalação das baterias no assoalho, a estabilidade é excelente
√ O Bolt tem 4.165m de comprimento, 1.765m de largura e 1.595m de altura, com entre-eixos de 2.600m; pesa 1,6 tonelada