Bolsonaro vai ao Senado e sinaliza que quer liderar oposição
Visita faz jus ao título de “capitão” atribuído a Bolsonaro por deputados e senadores de seu partido desde o seu retorno ao Brasil
atualizado
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Em aceno aos aliados da oposição, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou, na quinta-feira (18/5), o Congresso Nacional pela primeira vez desde o fim de seu mandato. A movimentação indica que ele, após o retorno ao Brasil, quer assumir um papel mais efetivo de protagonista na oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-mandatário passou horas no gabinete do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e encontrou aliados, como Tereza Cristina (PP-MS) e Jorge Seif (PL-SC).
Após o encontro, Bolsonaro conversou com a imprensa e disse que deu orientações aos parlamentares do PL e à oposição.
A ação faz jus ao título de “capitão” atribuído ao ex-presidente por deputados e senadores de seu partido desde o seu retorno ao Brasil, em março de 2023, após 89 dias nos Estados Unidos.
“Não foi uma visita protocolar, não avisou a nenhum deputado. Foi visitar o filho. É movimentação, ele continua político. Mas, de essencial, foi somente visitar o filho no Senado. É uma visita específica ao Senado”, diz um parlamentar bolsonarista, ouvido sob reserva pelo Metrópoles.
Após a chegada ao território brasileiro, Bolsonaro fez visitas à sede do PL e passou a orientar, vez ou outra, parlamentares sobre pautas prioritárias no Congresso.
“A bancada do PL na Câmara não foi informada. Se tivesse, estaríamos lá com ele. Mas, realmente, ele se colocou a par dos assuntos em evidência, como a CPI do MST”, comentou o correligionário do ex-presidente.
Mesmo sem terem sido avisados, parlamentares alinhados ao ex-presidente correram para encontrá-lo.
A visita ocorre em meio às investigações da Polícia Federal (PF) sobre o suposto esquema de fraudes no cartão de vacinação do ex-presidente e sobre as joias presenteadas por autoridades sauditas.
Eleições
Após a visita ao Senado, Bolsonaro disse que deu orientações aos parlamentares também sobre as eleições municipais de 2024. O ex-presidente afirmou que quer “fazer prefeitos e vereadores” por todo o país.
“Temos conversado com o partido para ver a nossa melhor estratégia para o ano que vem, para fazer prefeitos e vereadores pelo Brasil todo”, pontuou.
O político disse que ainda não tem o pleito presidencial de 2026 em mente. “Só se discute depois de 2024”, afirmou. No entanto, pontuou que quer buscar a “normalidade”, sem rancor com a derrota nas eleições de 2022. “Eleições 2022 é página virada”, concluiu.
Arcabouço fiscal
Após parte do PL votar favorável à urgência do projeto de lei complementar (PLP) do arcabouço fiscal na quarta-feira (17/5), Bolsonaro sinalizou que a sigla não pretende obstruir a tramitação da matéria.
“Os problemas que acontecem no Brasil, todo mundo sofre. Está votando aqui o arcabouço fiscal e não é da nossa ideia de impedir qualquer votação. O PL é um partido grande na Câmara, são 99 parlamentares”, disse.
O ex-mandatário continuou afirmando que a sigla não quer fazer uma “oposição radical”. “Não é isso. É ajudar, apesar de não simpatizar com o governo. Nós queremos colaborar para que o Brasil não fracasse”, completou.
CPI do MST
Bolsonaro também disse ter aconselhado aliados sobre a atuação na CPI do Movimento dos Trabalhadores em Terra (MST), instalada na Câmara dos Deputados na quarta-feira (17/5). O colegiado terá maioria formada por nomes do PL e da oposição.
O ex-presidente afirmou que o colegiado não deve ser usado como palco para “lacração”. Ele criticou a invasão de propriedades e disse que o colegiado não deve ter “viés político”.
“CPI pronta, vai começar a funcionar. O que tenho falado com os parlamentares que devem compor é fazer um trabalho sério, para ninguém chegar lá pra lacrar, para querer aparecer, fazer sua inquisição e ir embora”, disse.