Bolsonaro sobre críticas ambientais: “A intenção é nos deixar isolados”
O presidente recuou da ofensiva de listar países europeus que estariam comprando madeira ilegal do Brasil
atualizado
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Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro defendeu que as críticas internacionais à gestão ambiental do governo brasileiro têm como objetivo enfraquecer o país comercialmente no plano internacional e citou concorrência com a França no mercado de commodities.
Sem apresentar provas, o presidente apontou que a intenção das críticas é sempre “nos deixar isolados” e disse que a França é o verdadeiro obstáculo para o fechamento do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
“Existe uma acusação constante em cima do Brasil visando nos enfraquecer comercialmente”, disse o presidente. “A intenção é sempre nos deixar isolados.”
“A França é um concorrente nosso em commodities. O grande problema nosso para a gente avançar no acordo da União Europeia com o Mercosul é exatamente a França. Nós estamos fazendo o possível, mas a França, em defesa própria, nos atrapalha no tocante a isso daí”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro também reclamou da postura do Reino Unido de não comprar de países que não cumprem o compromisso de redução do desmatamento. “Tem um projeto no Reino Unido que torna ilegal o uso de commodities por parte de empresas que importem esse material de países que realizam o desmatamento. Então é um grande jogo que existe entre alguns países do mundo, em especial para nos atingir, porque nós somos realmente uma potência no agronegócio, nos commodities que vêm do campos. E eles querem exatamente é diminuir a concorrência nossa, com toda a certeza facilitando outros comércios ou até mesmo o comércio interno desses commodities”, disse o presidente.
Ele ainda demonstrou preocupação com o fato de que a gestão ambiental no Brasil seja assunto no próximo ano, na Cúpula da ONU sobre Mudanças Climáticas, como já ocorreu em vários outros eventos internacionais.
“Não podemos esquecer que no ano que vem, em 2021, na Inglaterra, será realizada a Cúpula das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Será em novembro do ano que vem. Então é um cartão de visitas que a Inglaterra está apresentando, e vai ser feito (sic) política em cima disso, com o objetivo, em grande parte, de atingir o Brasil, porque o Brasil é o país que mais sofre com isso”, disse o presidente, que recuou da ideia listar países europeus que estariam comprando madeira ilegal do Brasil.
Ao contrário, o presidente disse que esses países devem colaborar com o Brasil para enfrentar o desmatamento. “Mesmo assim, nós temos aqui os nomes das empresas que importam isso e a que países elas pertencem. A gente não vai acusar o país A, B ou C de estar cometendo um crime, mas as empresas desses países, sim. E isso já tem um processo. E isso já vai se avolumar a um ponto tal que se tornará não atrativo a importação de madeira ilegal, porque países hoje nos criticam e em algumas oportunidades até com razão, mas em outras, não. Mas quando chegarmos a bom termo essa situação vai diminuir o desmatamento no Brasil. Não basta apenas criticar, temos que apresentar alguma coisa, e estamos apresentando”, disse o presidente.
“Tem como esses países colaborarem conosco. A Amazônia é uma imensidão, é maior que Europa Ocidental toda junta, então não é fácil você tomar conta de tudo aquilo.”