Bolsonaro sobre Coronavac: “Essa de 50% é uma boa ou não?”
Presidente pediu para apoiadores avaliarem qualidade do imunizante. E disse que, agora, as pessoas “estão vendo a verdade” sobre as vacinas
atualizado
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Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (13/1), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) perguntou se a Coronavac é uma boa vacina: “Essa de 50% é uma boa ou não?”.
Após pressão de cientistas e jornalistas, o Instituto Butantan divulgou na terça-feira (12/1) que a eficiência global da Coronavac é de 50,38%. Na semana passada, o órgão, ligado ao governo de São Paulo, havia anunciado — após quatro adiantamentos — que a eficácia da vacina é de 78% em casos leves e de 100% nos graves.
O imunizante é produzido pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Butantan. Diferentemente do governador João Doria (PSDB), Bolsonaro vem questionando a eficácia há meses e chegou a dizer que o governo federal não compraria “a vacina chinesa”.
Em seguida, o mandatário da República afirmou que, “agora, estão vendo a verdade” sobre o imunizante. Ainda reclamou das críticas que recebeu pelo atraso na definição da campanha de vacinação no país. E voltou a dizer que a decisão sobre o imunizante a ser adotado no país passa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“O que eu apanhei por causa disso, agora estão vendo a verdade. Estou há uns quatro meses apanhando por causa da vacina. Entre mim e a vacina tem a Anvisa. Eu não sou irresponsável. Não estou afim de agradar quem quer que seja. É a vacina que passar pela Anvisa, seja qual for. Passou por lá… Já assinei um crédito de R$ 20 bilhões para comprar isso”, assinalou.
Depois que uma apoiadora disse que só vai se imunizar após o presidente se vacinar, Bolsonaro rebateu: “Eu já sou infectado”. O titular do Planalto contraiu a Covid-19 em julho.
O mandatário também voltou a criticar prefeitos pela decisão de fechar o comércio para conter a disseminação da Covid-19.
“Quem vota nos parlamentares é o povo. Por exemplo, eu pedi voto para candidato a prefeito de BH. Perdi. É natural. O cara lá está fazendo barbaridade agora, fechando tudo… E já tinha fechado tudo anteriormente.”
O vídeo da conversa de Bolsonaro com apoiadores foi divulgado no YouTube por um canal alinhado ao presidente e possui cortes e edições.
Fechamento de fábricas da Ford
Sobre a decisão da Ford de fechar as fábricas no Brasil, Bolsonaro voltou a repetir que o governo federal concedeu bilhões de reais à montadora norte-americana.
“Veja: reclamaram da fábrica da Ford. Ora, foram dezenas de bilhões de reais para esse pessoal que não… Em renúncia fiscal, né. Um parlamentar está batendo muito em mim. Disse que tem imprevisto, que fechou uma empresa com 5 mil funcionários. Lamento, né, mas eu não ia continuar bancando dinheiro de vocês para a fábrica.”
Em nota, a empresa citou como razões para o fechamento das fábricas o avanço da pandemia de Covid-19, que contribuiu para a “capacidade ociosa da indústria” e para a “redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”. No comunicado, a organização afirmou que prevê impacto de US$ 4,1 bilhões (R$ 22,5 bilhões) em despesas.
Bolsonaro, porém, atribuiu a medida a outros motivos: “Essa fábrica aí fechou por causa de concorrência, não tem mais subsídio nosso, e o que ela fabricava aqui não era mais rentável para ela, agora ela vai embora”.
O mandatário também pontuou que adotou medidas para ajudar na manutenção dos empregos durante a fase mais crítica da pandemia.
“Eu segurei milhões de empregos com aquelas medidas de ajuda aí, via Pronampe, via até auxílio emergencial para o pessoal não entrar em desespero, porque os informais perderam tudo. E eu fui o que mais, o que mais não, acho que o único que fez aqui, realmente, para manter empregos no Brasil. O resto fechou. Fecha e fica em casa, e a economia a gente vê depois. Estão vendo agora, está chegando a fatura aí”, assinalou.
Tanto o Pronampe, programa de crédito a micro e pequenas empresas, quanto o auxílio emergencial passaram pelo Congresso Nacional. No caso do Pronampe, o programa foi proposto pelo senador Jorginho Mello (PL-SC). Já o auxílio emergencial foi enviado pelo Poder Executivo ao Congresso inicialmente no valor de R$ 200. Depois de negociações, parlamentares e governo chegaram ao valor de R$ 600, que foi reduzido pela metade nos três últimos meses do ano.