Bolsonaro responde a Doria: “Vai ameaçar o presidente? Não tem moral”
Em live nas redes sociais, Bolsonaro voltou a defender a não obrigatoriedade do uso de máscaras por vacinados e curados da Covid-19
atualizado
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Em sua ofensiva contra a obrigatoriedade do uso de máscaras, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atacou em sua live desta quinta-feira (10/6) o governador paulista João Doria (PSDB). Bolsonaro provocou o adversário por ele ter sido fotografado sem máscara na piscina de um hotel no Rio de Janeiro.
“Eu fui ameaçado de ser multado em São Paulo por não usar máscara. Ô, hipócrita [refere-se a Doria]. Você não respeita o seu povo, rapaz, não respeita ninguém. Vai ameaçar o presidente da República? Tem moral pra mais nada, completamente descredibilizado no seu estado. Tomou medidas ditatoriais seu estado, fechando de forma indiscriminada”, atacou Bolsonaro em sua live.
“Você tem que dar exemplo, pô [ele não diz o nome do governador]. Esse cara que vai na televisão, com a máscara preta, falando da vacina dele. Pelo amor de Deus. Tava de sunguinha apertadinha ali”, provocou o presidente.
Doria havia afirmado na quarta-feira (9/6) que vai multar o presidente se ele aglomerar sem máscara no passeio de moto que fará neste sábado (12/6) na capital paulista.
“Avaliaremos as circunstâncias com a Secretaria de Segurança das manifestações anunciadas. Se o presidente Jair Bolsonaro imagina que, pelo fato de ser presidente, pode vir a São Paulo participar de um evento de rua e não usar máscara, ele será multado, como qualquer outro cidadão”, disse o governador.
Bolsonaro também abordou na live a determinação que deu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para criar um mecanismo regulatório visando a desobrigação do uso de máscara por vacinados e por curados, ignorando os riscos de reinfecção.
Opressão
“Pedi ao Queiroga um estudo de modo que nós possamos sugerir, orientar a desobrigação de uso da máscara pra quem já foi vacinado ou pra quem já contraiu o vírus. A gente não pode viver numa opressão a vida toda sobre isso aí, né?” discursou Bolsonaro, para então revelar que baseou seu pedido no vazamento de e-mails do imunologista norte-americano Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas do país.
“Aqueles e-mails vazados lá do doutor Fauci, nos Estados Unidos, que a gente crê que, a princípio, que sejam verdade. Claramente ele diz ali que a máscara não funcionava pra quem não tinha o vírus, tinha que ser usada por quem tinha o vírus”, disse o presidente.
Bolsonaro não mencionou, no entanto, que a correspondência eletrônica que baseia seu argumento foi trocada com um interlocutor de Fauci em fevereiro de 2020, há mais de um ano.
Até aquele momento, ainda havia poucas informações científicas sobre as formas de transmissão da Covid-19 e a recomendação oficial do governo norte-americano era de que máscaras deveriam ser usadas somente por pessoas infectadas e profissionais de saúde. A posição foi mudada em 3 de abril de 2020, quando os EUA passaram a recomendar o uso de máscaras de pano a todos os cidadãos.
Dias antes, em 1º de abril de 2020, o uso de máscaras por “qualquer pessoa” também foi indicada pelo Ministério da Saúde brasileiro.