Bolsonaro rechaça sanções à Rússia e defende neutralidade brasileira
Em entrevista, o chefe de Estado brasileiro evitou fazer qualquer crítica ao homólogo russo, Vladimir Putin
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) rechaçou, neste domingo (27/2), adotar qualquer sanção contra a Rússia e destacou que manterá neutralidade quanto ao conflito no Leste Europeu a fim de evitar problemas para o Brasil. O chefe de Estado brasileiro optou por não fazer nenhuma crítica ao homólogo russo, Vladimir Putin.
“Quando se fala em sanções econômicas, cada país coloca na mesa o que topa desde que isso [área ou item de interesse] fique de fora. Alemanha não aceita falar em sanções econômicas do gás, como muitos países da Europa. Os Estados Unidos também tem áreas que não aceita discutir sanções”, declarou Bolsonaro, acrescentando que, para o Brasil, “a questão dos fertilizante é sagrada”.
A Rússia é um dos países que mais exportam adubos e fertilizantes para o Brasil. Em janeiro, 30% do insumo que chegou ao território nacional veio dos russos, segundo o Ministério da Economia.
Bolsonaro destacou que a posição brasileira sobre o conflito é de “equilíbrio” e já foi expressada pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e pelo embaixador Ronaldo Costa Filho, representante brasileiro na Organização das Nações Unidas (ONU).
“Nós queremos a paz, [somos] pela neutralidade. Não quero trazer sofrimento para nossa noção, não quero trazer mais sofrimento para a nossa nação”, afirmou. “Uma decisão minha pode trazer sérios prejuízos a agricultura do Brasil. Como já disse, a cada cinco pessoas no mundo, uma é alimentada pelo Brasil”, acrescentou.
O chefe do Executivo federal está passando o Carnaval no Guarujá, litoral de São Paulo, enquanto centenas de brasileiros lutam para deixar a Ucrânia, alvo de ataque russo. No sábado (26/2), o presidente andou de jet ski. À noite, ele foi a uma pizzaria, onde conversou com apoiadores e tirou algumas fotos.
Na manhã deste domingo, o mandatário publicou um vídeo nas redes sociais no qual ele cumprimenta apoiadores e causa aglomeração. À tarde, Bolsonaro publicou, no Facebook, que 37 brasileiros e dois uruguaios, que pegaram um trem em Kiev, capital da Ucrânia, chegaram à Embaixada brasileira na Romênia.
Guerra da Ucrânia
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos. Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança.
Diante disso, tropas russas, orientada pelo presidente Vladimir Putin, iniciou, na última quinta-feira (24/2), uma ampla operação militar para invadir a Ucrânia. Em pronunciamento, ele fez ameaças e disse que quem tentar interferir no conflito sofrerá consequências nunca vistas na história.
Hoje completa quatro dias de conflito. Ao menos 198 pessoas morreram nos confrontos, segundo o governo ucraniano. Outras 1.115 ficaram feridas. O governo ucraniano afirma que 100 mil soldados russos estão no país.
Russos sitiaram Kiev e tentam tomar o poder. Hospitais, orfanatos, prédios residenciais, além de escolas e creches, já foram alvos de bombardeios na Ucrânia. República Tcheca, Polônia, França, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Portugal e Bélgica anunciaram o envio de ajuda estrutural de armas e dinheiro para a Ucrânia, que resiste.