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Bolsonaro nega que distribuiu o que arrecadou via Pix para família

Ex-presidente Jair Bolsonaro afirma que os valores transferidos fazem parte das duas aposentadorias e salário do PL que ele recebe

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Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro em evento de 7 de setembro
1 de 1 Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro em evento de 7 de setembro - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou um comunicado, na tarde deste domingo (6/8), em que nega ter distribuído a familiares parte dos R$ 17,2 milhões que recebeu via Pix de janeiro a julho. Na nota, o ex-mandatário detalha pagamentos feitos à esposa, Michelle, no valor de R$ 56.073,10; a síndica do condomínio onde mora o filho Eduardo, em Brasília, e à lotérica do irmão, Angelo.

Bolsonaro se pronunciou após reportagem do jornal Estado de S. Paulo, que aponta os repasses financeiros revelados em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Segundo o documento, somente neste ano, foram feitos 10 pagamentos para a ex-primeira-dama, no valor total de R$ 56.073,10.

No entanto, Leda Maria Marques Cavalcante foi quem recebeu transferências com somas maiores: seis Pix que somaram R$ 77.994. Ela é síndica do Condomínio Estância Quintas da Alvorada, em Brasília, onde o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vive com a mulher e a filha.

O Coaf citou ainda 17 pagamentos, que somam R$ 14.268,04, para a Casa Lotérica Jonatan e Felix LTDA. A empresa, localizada em Eldorado, no interior de São Paulo, está em nome de Angelo Guido Bolsonaro, irmão do ex-presidente.

Os relatórios do órgão foram enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional. No caso de Bolsonaro, a CPMI quer verificar se houve uso de CPFs falsos para simular doações, com base nos documentos do Coaf, e se os supostos doadores eram “laranjas” para disfarçar a possível origem criminosa dos recursos.

Também aparecem como destinatários de repasses de Jair Bolsonaro o tenente do Exército Osmar Crivelatti. O militar recebeu um valor total de R$ 11.543,94 do ex-presidente nesse período, em 29 transferências. Todas as movimentações financeiras citadas ocorreram entre 1º de janeiro e 4 de julho. Crivelatti tem um salário de cerca de R$ 21 mil mensais.

O militar é um dos assessores de Bolsonaro, e foi quem entregou à Polícia Federal (PF) as armas que o ex-presidente recebeu dos Emirados Árabes Unidos, acompanhado do advogado do ex-presidente Paulo Cunha. Ele também era braço direito do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro e preso pela PF.

Os pagamentos feitos pelo ex-chefe do Executivo federal foram destacados pelo Coaf como parte das suspeitas de “burla fiscal e lavagem de dinheiro”, na avaliação dos analistas do órgão.

Pagamentos com salário e aposentadorias

Em nota, Bolsonaro detalhou os pagamentos e defendeu ainda que há um conflito de datas. Em junho deste ano, bolsonaristas se juntaram em uma campanha para arrecadar dinheiro para que ele quitasse uma dívida ativa com o estado de São Paulo no valor de R$ 1.062.416,65 pelo não uso de máscara durante a pandemia de Covid-19.

“A campanha espontânea do Pix iniciou-se em 23/junho. Logo, toda a matéria perde sua credibilidade pelo simples confronto de datas. Tudo o que paguei, ou transferi, até 23/junho nada tem a ver com o arrecadado via PIX”, afirma o comunicado de Bolsonaro.

“1. R$ 56.073,10 … pagos à 1ª dama. Para despesas diversas dela, das 2 filhas e da casa. Recebo 2 aposentadorias e salário do PL. R$ 77.994,00 … pagos à Sra. Leda Maria Marques Cavalcante, proprietária da casa onde resido de aluguel. R$ 14.268,04 … 17 PIX para meu sobrinho que trabalha em lotérica em Eldorado/SP. A maioria dos depósitos são múltiplos do valor da aposta de 7 números da Mega Sena. Por duas vezes fiz a quadra nos últimos meses, daí, na contabilidade, os valores não múltiplos”, prossegue o texto.

Ele finaliza com o valor enviado ao militar e assessor, Osmar Crivelatti. “Esse senhor não é parente meu, ele é um dos meus assessores, desde 01/janeiro, lotado na cota de ‘ex-presidente’. O mesmo, por vezes, honra despesas minhas e eu o reembolso via PIX”.

Segundo o Conselho e Controle de Atividades (Coaf), só entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho, o ex-presidente da República recebeu mais de 769 mil transações via Pix, que totalizaram R$ 17.196.005,80. Durante o mesmo período, Bolsonaro movimentou um total de R$ 18.498.532.

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