Bolsonaro em reunião: “Vou entrar em campo usando o meu Exército”
Vídeo de reunião encontrado em computador de Mauro Cid mostra Bolsonaro pressionando ministros contra resultado das urnas antes da votação
atualizado
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma reunião com ministros no qual fez acusações contra a segurança das urnas eletrônicas e com “dinâmica golpista”, segundo a Polícia Federal (PF). A reunião aconteceu em julho de 2022, antes das eleições.
A PF encontrou um vídeo dessa reunião em um computador apreendido na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordem de Bolsonaro. A existência do vídeo é citada em investigação que desencadeou operação deflagrada nesta quinta-feira (8/2).
“Hoje me reuni com o pessoal do WhatsApp, e outras também mídias do Brasil. Conversei com eles. Tem acordo ou não tem com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)? Se tem acordo, que acordo é esse que tá passando por cima da Constituição? Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros”, declarou Bolsonaro durante a reunião, segundo a transcrição da PF.
Pressão em ministros
No encontro foi discutida narrativa sem provas contra as urnas eletrônicas e para pressionar os ministros a repetirem a mesma ideia.
“Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar, ele vai vim falar para mim porque ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado…”, declarou Bolsonaro na reunião, ainda segundo transcrição da PF.
Ainda durante a reunião, o então presidente teria ficado exaltado com as chances de perder a eleição e sugeriu que os votos favoráveis a Lula já estariam computados no “computador do TSE”. Por fim, ele cobrou uma “providência”.
“Nós vamos esperar chegar 23, 24 (eleição), para se foder? Depois perguntar: porquê que não tomei providência lá atrás? E não é providência de força não, caralho! Não é dar tiro. Ô Paulo Sérgio, não vou botar a tropa na rua, tacar fogo aí, metralhar. Não é isso, porra!”, declarou ainda Bolsonaro na gravação.
Os então ministros da Justiça, Anderson Torres, e chefe da Casa Civil, general Braga Netto, também fizeram falas na reunião, defendendo a tese contra as eleições de Bolsonaro, segundo a PF.