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Bolsonaro elege segurança para iniciar diálogo com Uruguai

A questão foi um dos principais fatores para a eleição do candidato de centro-direita Lacalle Pou, que toma posse no domingo (01/03/2020)

atualizado

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Enviada especial a Montevidéu – Com o objetivo de retomar o diálogo com o Uruguai, o presidente Jair Bolsonaro desembarca em Montevidéu no domingo (01/02/2020) para participar da posse do novo presidente do país vizinho, Luis Alberto Lacalle Pou.

A ascensão de Lacalle Pou ao poder interrompe 14 anos de governo da Frente Ampla, de centro-esquerda, e inaugura um governo formado a partir de uma coalizão de direita moderada no Uruguai.

Para Bolsonaro, é a chance de uma aproximação mais profícua com o país do Cone Sul, visto que, em seu primeiro ano, as conversas com o vizinho sul-americano foram praticamente nulas.

“Essa visita tem simbolismo, porque inaugura, inicia uma nova etapa da relação com o Uruguai”, disse o embaixador do Brasil para o Mercosul, Pedro Miguel da Costa e Silva.

Para o Brasil, a pauta de conversa é variada com o Uruguai. No entanto, o governo brasileiro já identificou que a área da segurança deve ser o destaque, visto que Lacalle Pou foi eleito diante de um clamor público por segurança pública. Nesse quesito, as discussões que partirem do Brasil serão em um sentido mais amplo do que os acordos de vigilância e atuação na fronteira, região onde moram atualmente cerca de 800 mil pessoas.

“Segurança é hoje uma preocupação grande do governo uruguaio. Os números se deterioraram muito e tiveram impacto importante no processo eleitoral. O programa do governo uruguaio veio muito carregado nesta área, e certamente o Uruguai tem interesse em cooperar com o Brasil”, disse o conselheiro Eduardo Pereira de Ferreira, responsável pelo diálogo com o Uruguai no Ministério de Relações Exteriores (MRE).

Violência
Nas ruas de Montevidéu, esta é uma questão prioritária, embora os índices de segurança no país estejam muito longe de se aproximarem dos brasileiros. O país viu a taxa de homicídios pular de 7,8 por 100.000 habitantes em 2017 para 11,2 em 2018.

Com isso, o discurso de endurecimento no combate ao crime ganhou corpo e levou a população de classe média e alta a optar por Lacalle Pou sobre o candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, em uma disputa acirrada, cujo resultado teve que passar por recontagem de votos.

Lacalle Pou ficou atrás de Martínez no primeiro turno, mas costurou uma aliança com outros partidos e com os candidatos derrotados mais bem posicionados, o que o levou à vitória apertada no 2º turno.

Foi a segunda vez que Lacalle Pou disputou a presidência do país. Em 2014, ele foi derrotado por Tabaré Vázquez. Ele chega à presidência com 46 anos. É advogado, casado e pai de três filhos. Nasceu em Montevidéu em 11 de agosto de 1973, ano em que um golpe militar deu início a uma ditadura de 12 anos no Uruguai. Ele é filho de Luis Alberto Lacalle, que presidiu o país também pelo Partido Nacional (Partido Blanco) entre 1990 e 1995.

Devido a sua origem, há nas ruas de Montevideu uma preocupação em relação à proximidade com militares. “Segurança é necessária, mas há um temor de que em nome disso, ele se utilize dos militares”, disse um motorista de aplicativo da capital uruguaia, que diz ter votado na esquerda. Em sua opinião, os governo de esquerda promoveram a parte social, no entanto, ao fim de 15 anos, o aumento de impostos começou a pesar no bolso e isso contribuiu para a que os mais ricos e a classe média apostassem na mudança.

As denúncias de corrupção surgidas durante o mandato do pai não inviabilizaram a carreira política de Lacalle Pou, eleito deputado em 1999. Doze anos mais tarde, ele presidiu a Câmara dos Deputados e se tornou um dos principais nomes da oposição ao governo de Pepe Mujica.

Energia
Além da pauta de segurança, o Brasil ainda tem com o Uruguai interesse em dinamizar a cooperação no campo de geração de energia. Hoje, os dois países já possuem acordo com duas linhas de transmissão que cruzam a fronteira com o Rio Grande do Sul, além de uma usina eólica compartilhada entre a Eletrobrás e a estatal uruguaia (UTE).

De acordo com o Itamaraty, o novo presidente uruguaio deve visitar o Brasil ainda no primeiro semestre deste ano– resta apenas marcar uma data.

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