Bolsonaro diz que nunca pediu que inserissem dados falsos no sistema de vacinação
Ex-presidente Jair Bolsonaro depôs no âmbito da Operação Venire, que investiga possíveis fraudes em cartões de vacina
atualizado
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em seu depoimento à Polícia Federal, nesta terça-feira (16/5), que nunca pediu que fossem colocados dados falsos no sistema do Ministério de Saúde sobre seu cartão de vacinação. Ele depôs na investigação que apura o esquema de fraudes nos cartões de vacinação que teria à frente Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e que envolveria Bolsonaro, sua filha e pessoas próximas, além do próprio Cid.
Os investigadores da PF questionaram se Bolsonaro havia feito a solicitação a Mauro Cid, Ailton Barros, João Carlos de Sousa Brecha ou qualquer outra pessoa, e ele negou.
No depoimento, Bolsonaro afirma que nunca ouviu Mauro Cid mencionar o esquema ou como obteve os certificados, apesar de o ex-ajudante de ordens ficar encarregado de toda a sua gestão pessoal. O ex-presidente ainda ressalta que sequer sabe operar o ConecteSUS.
“Indagado se Mauro Cesar Cid relatou ao declarante como obteve certificados de vacinação contra Covid-19 falsos, respondeu que Mauro Cid nunca comentou como obteve os certificados de vacinação; que sequer comentou sobre certificados de vacinas”, diz trecho do depoimento.
Depoimento
Sobre o certificado de vacinação emitido diretamente do Palácio do Planalto antes de Bolsonaro embarcar para o autoexílio em Orlando (EUA), no início da tarde de 30 de dezembro, o ex-mandatário diz que não sabe quem fez a emissão.
Sobre o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, que alegou em um áudio a Mauro Cid saber quem assassinou a vereadora Marielle Franco, Bolsonaro afirmou que o conhece há 20 anos e que Cid nunca relatou o comentário de Ailton sobre a vereadora a ele.
O ex-presidente ainda relatou que nunca conheceu o secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha, preso por falsificar os registros de vacinação de Jair Bolsonaro (PL).
“Indagado sobre os motivos que levaram o secretário de Governo de Duque de Caxias, João Carlos Brecha, a inserir os dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome do declarante no sistema do Ministério da Saúde, respondeu que não tem a menor ideia do motivo […]”, relata a oitiva.
Emissão de certificados
As versões, no entanto, se chocam com as diligências da Polícia Federal. Quando a documentação que embasou a prisão de aliados bolsonaristas, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, foi liberada por Moraes, tornou-se público que o usuário de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, emitiu ao menos quatro vezes certificados de vacinação contra Covid-19 que seriam do ex-presidente.
Três desses certificados foram emitidos em 22, 27 e 30 de dezembro de 2022; antes, portanto, de Bolsonaro embarcar para o autoexílio em Orlando (EUA), no início da tarde de 30 de dezembro.
Conforme publicado pelo colunista do Metrópoles Igor Gadelha, antes de Bolsonaro deixar a Presidência, o e-mail de acesso à sua conta no ConecteSUS estava no nome de Cid. Após o dia 30, o e-mail foi alterado, deixando o controle com Marcelo Costa Câmara, assessor especial do ex-mandatário. Os cartões de vacina foram posteriormente apagados.