Bolsonaro diz que Ford não falou a verdade sobre fechamento: “Querem subsídios”
Presidente afirmou que empresa recebeu R$ 20 bilhões em subsídios do governo brasileiro ao longo dos anos e queria mais incentivos
atualizado
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Em conversa com apoiadores na manhã desta terça-feira (12/1), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou a saída da Ford do Brasil. Segundo o mandatário do país, a montadora norte-americana não disse a verdade e queria, na verdade, era renovar os subsídios concedidos pelo governo federal.
Na segunda-feira (11/1), a empresa anunciou que vai encerrar a produção de carros no Brasil após 67 anos de atuação em território brasileiro.
“Na verdade, eles tiveram subsídios nossos, ao longo dos anos, de R$ 20 bilhões. Queriam renovar subsídios para fazer carro para vender. Agora, tem a concorrência também aí, chinesa, entre outros”, disse o chefe do Executivo.
Cinco mil empregos perdidos
Com o fechamento de fábricas da Ford em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), 5 mil funcionários serão demitidos.
Bolsonaro disse lamentar os cinco mil empregos perdidos com o fim da produção da Ford no Brasil, mas citou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que mostraram, em novembro, saldo positivo de 414.556 novos postos de trabalho com carteira assinada registrado pelo país.
“Lamento cinco mil empregos perdidos, mas a imprensa não fala que, em novembro, nós criamos 414 mil empregos. Então, perdemos cinco mil agora, repito: lamento. Mas o que a Ford quer? Faltou a Ford dizer a verdade, né? Querem subsídios. Vocês querem que continue dando R$ 20 bilhões pra eles como fizeram nos últimos anos? Dinheiro de vocês, de impostos de vocês para fabricar carro aqui? Não. Perdeu a concorrência, lamento.”
Segundo o titular do Planalto, a montadora deixou de ter lucro no país. “Então, saiu porque num ambiente de negócios, quando você não tem lucro, você fecha. Assim é na vida em casa nossa. A Ford é a mesma coisa.”
“Agora a imprensa desce a lenha em mim. Agora, negócio é negócio, deu lucro o cara fica aqui, não deu lucro, o cara não produz mais aqui e fecha.”
Sobre as razões para o fechamento, a empresa citou o avanço da pandemia de Covid-19, que contribuiu para a “capacidade ociosa da indústria” e para a “redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”. Em nota, a organização afirmou que prevê impacto de US$ 4,1 bilhões (R$ 22,5 bilhões) em despesas.
Mais cedo, o vice-presidente do país, Hamilton Mourão, também citou os incentivos recebidos pela montadora. “A Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil, recebeu incentivos, então poderia ter esperado aí, né. A gente entende que no mundo inteiro a empresa está passando por problemas, a indústria automobilística toda está sofrendo essa mudança. Mas acho que nosso mercado tem plenas condições de assimilar a partir do momento que se retomar a economia de uma forma normal”, assinalou o general.
A Ford também afirmou que incluirá novos veículos ao portfólio para atender os brasileiros. Os carros serão produzidos na Argentina, no Uruguai e em outros países. Além disso, clientes do Brasil ainda poderão ter acesso ao serviço de assistência ao consumidor.
O vídeo da conversa de Bolsonaro com simpatizantes foi divulgado pelo Twitter de Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial da Presidência da República.
Presidente Jair Bolsonaro fala sobre a saída da fábrica da FORD do Brasil (12/01/2021)@jairbolsonaro pic.twitter.com/4K13h0joL2
— Tercio Arnaud Tomaz (@TercioTomaz) January 12, 2021
Os trabalhadores realizam na manhã desta terça-feira mobilização em defesa dos empregos na Ford em Taubaté. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), Claudio Batista, a entidade foi surpreendida pela decisão da montadora norte-americana de encerrar a produção no Brasil.
Segundo Batista, a categoria tem um acordo com a empresa que garante estabilidade no emprego até o fim deste ano. “É importante ressaltar que essa é uma medida unilateral da Ford, intransigente. O sindicato vai fazer toda a luta necessária para reverter a situação”, afirmou Batista.