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Bolsonaro diz à PF que só tomou conhecimento de joias 14 meses após chegada dos presentes no Brasil

O ex-presidente prestou depoimento na sede da PF nesta quarta (5/4). Bolsonaro não mencionou o nome de Michelle aos investigadores

atualizado

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Em quase 2 horas e 30 minutos de depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informou aos investigadores que só teve conhecimento de que joias sauditas teriam sido enviadas como presente do príncipe Mohamed Bin Salman, 14 meses depois. Fontes da PF, informaram que Bolsonaro foi muito educado, profissional, ético e cordial ao participar da oitiva na sede da polícia, em Brasília, nesta quarta-feira (5/4).

O ex-mandatário foi questionado sobre os conjuntos de joias e armas que ganhou de presente da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes em 2019 e 2021. Conforme publicado pelo colunista do Metrópoles Paulo CappelliBolsonaro deu sua versão sobre o pedido a Mauro Cid, seu então ajudante de ordens na Presidência, para reaver as joias sauditas.

Bolsonaro disse à Polícia Federal que o pedido teve objetivo de evitar um “vexame internacional” na esfera diplomática. Ele ainda ressaltou que não houve reiteradas tentativas de reaver as joias e deixou consignado no depoimento que falou sobre o assunto uma única no pedido a Mauro Cid.

Embora, por diversas vezes, e em gravação apresentada no Aeroporto de Guarulhos (SP), o primeiro pacote de joias tenha sido citado como um possível presente à Michelle Bolsonaro, o ex-presidente não citou o nome de Michelle.

Além de Bolsonaro, prestaram depoimento outras nove pessoas, cinco delas em Brasília e quatro em São Paulo, todas na tarde desta quarta. Um dos depoentes é o antigo ajudante de ordens do ex-presidente da República, o tenente-coronel Mauro Cid. Enquanto Bolsonaro prestava depoimento em Brasília, Cid falou com os agentes da PF, em SP.

Ajudante de ordens

Cid protagonizou uma das tentativas de reaver as joias que ficaram retidas com a Receita Federal. O objetivo da Polícia Federal ao marcar todos os depoimento no mesmo horário foi impedir que os investigados pudessem combinar o que dizer às autoridades.

A oititiva do ex-ajudante de ordens durou cerca de duas horas. O militar estava acompanhado de seu advogado Rodrigo Roca, que é próximo de integrantes da família Bolsonaro. No depoimento, segundo fontes da Polícia Federal, Mauro Cid afirmou que buscar presentes recebidos por Bolsonaro era algo “normal” na Ajudância de Ordens da Presidência.

A informação foi publicada pelo colunista do Metrópoles Igor Gadelha.

Cadastro regular

Desde que o caso veio à tona, Bolsonaro nega irregularidades e afirma que os objetos foram cadastrados no acervo da Presidência da República. Ao desembarcar no Brasil na última semana, o ex-mandatário voltou a rebater as acusações de que queria esconder as joias. “Se eu quisesse camuflar, jamais descobririam isso aí”, disse.

Bolsonaro ficou pouco mais de 3 horas na PF, mas o depoimento teve cerca de 1horas e 30 minutos. O resto do tempo foi para cumprir burocracias.

Entenda

Em outubro de 2021, uma comitiva do Ministério de Minas e Energia viajou à Arábia Saudita, entre os servidores que compunham o grupo estava o então chefe da pasta, ministro Bento Albuquerque. Na volta ao Brasil, a Receita Federal apreendeu um conjunto de joias que estava com o ajudante de ordens de Albuquerque, o militar Marcos André dos Santos Soeiro, no pacote, havia um colar avaliado em R$ 16,5 milhões.

Depois da apreensão, o governo Bolsonaro teria tentado reaver o pacote de joias pelo menos quatro vezes, por meio dos ministérios da Economia, de Minas e Energia, e de Relações Exteriores.

Em uma quarta movimentação para recuperar os objetos, realizada a três dias de Bolsonaro deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar a Guarulhos. O homem teria se identificado como “Jairo” e argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.

Bolsonaro também entrou em campo e chegou a enviar ofício ao gabinete da Receita Federal para solicitar que as joias fossem destinadas à Presidência da República. O documento foi assinado por Mauro Cid, ajudante de ordens e “faz-tudo” do ex-presidente.

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