Bolsonaro cobra do TSE respostas às Forças Armadas sobre urnas
As Forças Armadas fizeram questionamentos à Corte em 14 de dezembro. Técnicos da Corte Eleitoral preparam respostas
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a cobrar respostas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acerca de demanda de aperfeiçoamento das urnas eletrônicas feita pelas Forças Armadas. O chefe do Executivo federal fez a mesma cobrança após sair de internação devido a uma obstrução intestinal, em 6 de janeiro.
“As Forças Armadas foram convidadas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, e listaram algumas inconsistências nas urnas. O TSE ainda não se manifestou sobre essas vulnerabilidades. Se for o caso, o Ministério da Defesa vai reiterar esse ofício”, disse o presidente da República em entrevista à Jovem Pan, nesta segunda-feira (10/1).
Em 14 de dezembro de 2021, foi entregue pelas Forças Armadas um documento sigiloso ao TSE com o pedido de aperfeiçoamento das urnas eletrônicas para as eleições de 2022.
As Forças Armadas participam rotineiramente do aperfeiçoamento do processo das urnas eletrônicas. Além de ser ainda parte integrantes da logística de transporte dos equipamentos de votação.
Código-fonte
Diante dos questionamentos sobre a lisura e transparência do voto eletrônico, o TSE abriu o código-fonte das urnas, com um ano de antecedência, para que tanto os partidos políticos quanto as autoridades brasileiras e internacionais pudessem fiscalizar o processo.
Antes, a abertura era feita com seis meses de antecedência. Com menos de um mês do envio dos questionamentos das Forças Armadas, o TSE informou ao Metrópoles que as respostas estão sendo elaboradas por meio de sua área técnica.
O presidente Jair Bolsonaro no entanto, afirmou que se a resposta não chegar em breve, o Ministério da Defesa vai oficiar o TSE: “As Forças Armadas não vão participar do processo eleitoral apenas para dar um possível ar de legalidade”, criticou o presidente.
Segurança do voto
A credibilidade da urna eletrônica vem sofrendo diversos ataques desde as eleições de 2018. O TSE tem promovido massivas campanhas de esclarecimento sobre a segurança do voto, a fim de contrapor-se ao movimento “voto impresso e auditável” e às fake news a respeito do sistema.
Em 31 de julho, Bolsonaro, distorceu fatos para atacar a urna eletrônica em uma live no Palácio da Alvorada. Essa é uma das razões pelas quais o mandatário do país é alvo do Inquérito das Fake News, no Supremo Tribunal Federal (STF).
A abertura do código-fonte consiste em liberar para um grupo de entidades, órgãos públicos e fiscalizadores um conjunto de arquivos de texto contendo todas as instruções que devem ser executadas, expressas de forma ordenada em linguagem de programação. Essas instruções determinam o que um programa de computador deve fazer – o que ele deve apresentar e como ele deve se comportar.
Ao liberar o código-fonte das urnas, o TSE explicou, de maneira didática, a prática: “Fazendo um paralelo simples, podemos olhar para uma receita de um bolo de chocolate com cobertura. A receita completa seria o código-fonte do doce. Se olharmos com mais atenção, veremos que a receita tem duas partes: a do bolo em si e a da cobertura. A receita do bolo equivaleria a um arquivo texto, e a da cobertura a outro arquivo”, exemplificou, em seu portal oficial.
A urna eletrônica e todos os demais programas do sistema eletrônico de votação contêm seus próprios códigos-fonte, que podem ser acessados por partidos políticos e diversas outras entidades e autoridades previstas em resolução do TSE.