Bolsonaro chama Bonner de “sem-vergonha” e diz que “acabou teta do governo”
Presidente mandou recado ao apresentador da TV Globo, depois de reportagem da emissora mostrar desabastecimento de seringas
atualizado
Compartilhar notícia
Em conversa com apoiadores nesta quinta-feira (7/1), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disparou críticas ao apresentador do Jornal Nacional William Bonner. O mandatário chamou o âncora da TV Globo de “sem-vergonha”. A fala foi proferida em reação a uma reportagem apresentada na noite de quarta-feira (6/1) sobre a suspensão da compra de seringas pelo governo federal.
“William Bonner, sem-vergonha, vai ter seringa pra todo mundo. William Bonner, por que teu salário foi reduzido? Porque acabou a teta do governo. Vocês têm que criticar mesmo. Quase R$ 3 bilhões por ano para a imprensa e, em grande parte, pra vocês. Acabou a grana, William Bonner”, disse Bolsonaro.
Em seguida, Bolsonaro fez críticas à diferença salarial entre Bonner e a coapresentadora do Jornal Nacional Renata Vasconcellos, e fez alusão à delação do doleiro Dario Messer.
“E outra coisa: que vergonha, você defende tanto o salário igual de homem e mulher, né? Por que a Renata ganha a metade do que você ganha? Por que você não fala do 1 bilhão e 700 milhões de reais rou… desvi… roubados pelo seu patrão Marinho, de acordo com o doleiro Dario Messer?”, disse Bolsonaro.
A Globo foi procurada pela reportagem para comentar as declarações do presidente da República, mas ainda não respondeu. O espaço permanece aberto para manifestações.
Seringas
No fim de dezembro, o Ministério da Saúde abriu licitação para adquirir 300 milhões de seringas e assegurar as condições para a vacinação contra a Covid-19, mas só conseguiu oferta para adquirir 7,9 milhões no pregão eletrônico. O número corresponde a cerca de 2,4% do total de unidades que a pasta desejava adquirir.
Segundo o chefe do Executivo, a compra de seringas foi suspensa devido à alta de preços do produto. Nesta quinta, Bolsonaro disse que, se comprasse, seria acusado de superfaturamento.
“Vocês falam que eu não comprei a seringa agora, porque quando eu fui comprar o preço dobrou. E se eu compro, vão falar que eu comprei superfaturado. Não dou essa chance pra vocês. O Brasil é um dos países que mais produz seringas. Não vai ter falta”, afirmou.
Críticas à imprensa
Bolsonaro voltou a fazer críticas à imprensa de modo geral devido à cobertura da pandemia de Covid-19. “Para a imprensa, para a Globo, interessam as mortes. A Globo tá preparando a festa dos 200 mil mortos. Deve acontecer amanhã ou depois. Vai ser festa na Globo, preparada já”, disse.
O mandatário também afirmou que fez a parte que lhe cabia no enfrentamento da pandemia e se opôs, novamente, à decretação de novos lockdowns para conter a disseminação do vírus no país.
“Nós demos, no ano passado, bilhões para estados e municípios. Nós fizemos a nossa parte. Agora, a imprensa não fez a dela. Levou o terror para a opinião pública, em vez de enfrentar, com verdade, a questão do vírus, proteger quem tem que ser protegido e preservar aí os empregos, não fizeram isso.”
“Se começarem a fechar tudo de novo, vai quebrar o Brasil. O Brasil vai se empobrecer. E um país de pobres, de famintos, a gente não sabe o que vai acontecer”, comentou.