Bolsonaro afirma não acreditar que Cid tenha cometido fraude
Ex-presidente Jair Bolsonaro depôs no âmbito da Operação Venire, que investiga possíveis fraudes em cartões de vacina
atualizado
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu em defesa de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens da Presidência, durante depoimento que prestou à Polícia Federal nesta terça-feira (16/5). Aos delegados, Bolsonaro disse não acreditar que Cid tenha “arquitetado a inserção de dados falsos” no sistema de vacinação do Ministério da Saúde, embora também tenha dito que não faz ideia de quem possa ter cometido fraude.
A ser questionado se Cid seria o mentor de “toda a ação criminosa relativa às inserções de dados falsos de vacinação”, Bolsonaro, a princípio, ressaltou que, se isso ocorreu, foi à sua revelia e que não determinou que fossem inseridos dados fraudulentos nos sistemas. No entanto, destacou que “não acredita que Cid tenha arquitetado a inserção de dados falsos em seu nome ou em nome de sua filha no sistema do SI-PNI do Ministério da Saúde”.
Em seu depoimento, Bolsonaro observou que sequer saber mexer no aplicativo do ConecteSUS, que sua filha não tem uma conta no gov.br e que sempre “ecoou ao mundo que não foi vacinado”.
O ex-presidente depôs por mais de três horas à Polícia Federal no âmbito da Operação Venire, que apura suposto esquema de fraudes nos cartões de vacinação. À frente do crime, estaria Cid e envolveria Bolsonaro, sua filha e pessoas próximas, além do próprio Cid.
No depoimento, Bolsonaro afirma que nunca ouviu Mauro Cid mencionar o esquema ou como obteve os certificados, apesar de o ex-ajudante de ordens ficar encarregado de toda a sua gestão pessoal. O ex-presidente ainda ressalta que sequer sabe operar o ConecteSUS.
“Indagado se Mauro Cesar Cid relatou ao declarante como obteve certificados de vacinação contra Covid-19 falsos, respondeu que Mauro Cid nunca comentou como obteve os certificados de vacinação; que sequer comentou sobre certificados de vacinas”, diz trecho do depoimento.
As versões, no entanto, se chocam com as diligências da Polícia Federal. Quando a documentação que embasou a prisão de aliados bolsonaristas, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, foi liberada por Moraes, tornou-se público que o usuário de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, emitiu ao menos quatro vezes certificados de vacinação contra Covid-19 que seriam do ex-presidente.
Depoimento
Sobre o certificado de vacinação emitido diretamente do Palácio do Planalto antes de Bolsonaro embarcar para o autoexílio em Orlando (EUA), no início da tarde de 30 de dezembro, o ex-mandatário diz que não sabe quem fez a emissão.
Sobre o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, que alegou em um áudio a Mauro Cid saber quem assassinou a vereadora Marielle Franco, Bolsonaro afirmou que o conhece há 20 anos e que Cid nunca relatou o comentário de Ailton sobre a vereadora a ele.
O ex-presidente ainda relatou que nunca conheceu o secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha, preso por falsificar os registros de vacinação de Jair Bolsonaro (PL).
“Indagado sobre os motivos que levaram o secretário de Governo de Duque de Caxias, João Carlos Brecha, a inserir os dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome do declarante no sistema do Ministério da Saúde, respondeu que não tem a menor ideia do motivo […].”