Bolsonaro a caminhoneiros: “Estou comendo o pão que o diabo amassou”
O almoço de última hora no restaurante popular custou R$ 1.694,00 e foi pago pela Secretaria de Administração do Presidência da República
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) aproveitou sua passagem pelo estado de Goiás, nesta sexta-feira (31/05/19), para almoçar com caminhoneiros no restaurante Presidente – Posto e Churrascaria, um local popular da cidade de Anápolis. Durante o almoço, que durou pouco mais de quarenta minutos e foi combinado de última hora, o presidente disse estar “comendo o pão que o diabo amassou”, mas que só muda se cassarem seu mandato. “Eu estou comendo o pão que o diabo amassou. Não loteamos ministérios, bancos oficiais e estatais. Só muda se alguém cassar o meu mandato”, afirmou o presidente a um caminhoneiro que disse acreditar que falta boa vontade em Brasília.
O almoço no restaurante popular custou R$ 1.694,00 e foi pago pela Secretaria de Administração do Presidência da República. “Foi aleatória (a ida para o restaurante). Foi feito levantamento de ontem para hoje de onde teria mais caminhões neste horário, eu estava vindo de Goiânia e paramos aqui para conversar com os caminhoneiros”, explicou o presidente sobre o encontro.
Segundo uma nota divulgada pelo Palácio do Planalto, o valor se refere ao almoço da equipe de segurança que acompanhava o presidente. A assessoria também informou que 73 pessoas faziam parte da comitiva presidencial. O valor, dividido pelo número de pessoas, daria R$ 23,2.
Confira a nota na íntegra:
“A nota fiscal se refere ao pagamento de alimentação de equipes de segurança que dão suporte em viagens presidenciais. Entre eles, bombeiros, policiais militares, equipes de combate à incêndio e de saúde.”
Veja vídeos do almoço do presidente:
O chefe do Executivo, que deveria retornar a Brasília às 11h, estendeu a visita para conhecer a terceira cidade mais populosa do estado de Goiás. Acompanhado do governador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, Bolsonaro sentou à mesa com caminhoneiros que tiravam a hora de almoço em restaurante tradicionalmente frequentado pela categoria. Na maior parte do encontro, Bolsonaro ficou em silêncio e se servindo do rodízio de carne. A maioria das perguntas feitas pelos caminhoneiros foi respondida pelo ministro da Infraestrutura.
Enquanto almoçava, Bolsonaro fez pausas para tirar fotos com admiradores e garçons do local. Rodeado por cerca de 30 caminhoneiros, o presidente incentivou o grupo a dar entrada no pedido de porte de arma de fogo, se comprometeu a acabar com os radares móveis – “para dar uma folga para o policial rodoviário” – e disse que pretende aumentar a validade da carteira de motorista para dez anos e passar o limite de pontos para 40.
Questionado por um caminhoneiro sobre a existência de algum projeto que permita reduzir o preço do diesel para a categoria, Bolsonaro respondeu: “O que mais pesa no combustível é o ICMS, que é do Estado. Não é a gente. Por isso que eu trabalho para privatizar o refino. Quanto mais tiver concorrência, melhor. Tá ok?”.
Ao final do encontro, o presidente disse que a conversa foi “bastante cordial”. “Eles têm seus problemas. Passam por nós muitos deles. E para muitos estamos buscando soluções e, para outros, buscaremos”, contou a jornalistas após o almoço. Questionado sobre os protestos contra o contingenciamento de verbas na educação realizados pelo país nesta quinta-feira (30/05/2019), disse: “Ah, vamos falar sobre caminhoneiros, vai…”
Crise
Em abril deste ano, o Executivo iniciou uma briga com trabalhadores do setor, que ameaçaram entrar em greve geral caso o governo não acatasse suas exigências.
Ao final do mês, a categoria se irritou com o aumento de R$ 0,10 por litro de diesel nas refinarias e ameaçou entrar em greve em maio. Porém, para evitar uma nova paralisação, o governo federal recuou e incluiu a alta de 10,69% do óleo diesel no valor mínimo do frete. A Casa Civil ainda anunciou medidas para o setor de transportes rodoviários.
Entre elas está a criação de uma linha de crédito de até R$ 30 mil para caminhoneiros autônomos que vai permitir a compra de pneus e a manutenção dos veículos. Apesar das conversas entre ministros e a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), a situação continua instável.
Uma semana antes do almoço, Tarcísio Freitas trocou mensagens com a categoria, que se divide entre apoiadores do governo e setores contra Bolsonaro. Os apoiadores convocaram o ministro para participar das manifestações a favor do presidente, realizadas no último domingo (26/05/19). Porém, para evitar conflitos, o chefe da pasta da Infraestrutura escutou as recomendações de não comparecer ao evento. (Com informações de agências)