Bolsonaristas no Congresso se mobilizam para ato de 25/2 na Paulista
Marcada para o último domingo de fevereiro, manifestação foi convocada por Bolsonaro e endossada pela oposição. Mobilização será em SP
atualizado
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Na esteira de investigações policiais recentes que miram o núcleo bolsonarista, deputados e senadores ligados ao Jair Bolsonaro (PL) se mobilizam para participar de um ato a favor do ex-presidente. Marcada para o último domingo de fevereiro (25/2), a manifestação foi convocada pelo próprio ex-presidente, e deve ocorrer na Avenida Paulista, em São Paulo. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bolsonaro afirma que estará pessoalmente no evento, e que o objetivo do ato é se “defender de acusações”.
O ex-presidente é alvo de investigações da Polícia Federal que apuram tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Além de Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também está entre os alvos, assim como membros que fizeram parte do primeiro escalão do governo.
O evento tem sido endossado por parlamentares. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), publicou o vídeo de Bolsonaro e afirmou que o até é “em defesa da liberdade, da democracia, e do Estado de direito no Brasil”.
Ramagem e Jordy, investigados pela PF, também replicaram o vídeo do ex-presidente. As imagens também foram compartilhadas por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Flávio Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Abílio Brunini (PL-MT), Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e outros parlamentares.
Parlamentares ligados à legenda também são alvos de outras operações da PF. O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que dirigiu a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Bolsonaro, é investigado por integrar um esquema de espionagem ilegal no órgão. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente, também é alvo da mesma investigação.
Além disso, Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, é alvo de investigação da PF sobre incitação aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. As operações da Polícia Federal foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Convocatória
Na convocatória do ato, Bolsonaro pede aos apoiadores que compareçam usando roupas verdes e amarelas. Ele também ressalta que quer se defender das acusações feitas pela Suprema Corte.
“Nesse evento, eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputada a minha pessoa nos últimos meses. Mais do que discurso, uma fotografia de todos vocês, porque vocês são as pessoas mais importantes desse evento, para mostramos para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações e o que queremos”, afirmou.
Apesar da movimentação de parlamentares mais fiéis ao ex-presidente, outros apoiadores do mundo político não têm demonstrado tanta empolgação com o evento convocado por Bolsonaro.
Até agora, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou presença ao lado do ex-chefe (foi ministro do governo passado). Já o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), que quer ter o apoio bolsonarista na eleição municipal, ainda não se manifestou publicamente sobre presença no ato. Até agora também não há tanto empenho de governadores bolsonaristas país afora.
Veja as publicações:
“Perseguição”
Com líderes importantes na mira da PF, a oposição tem enfrentado um momento crítico. Parlamentares defendem a narrativa de que estão sendo perseguidos pelo Judiciário — especialmente pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos inquéritos que autorizaram as investigações.
Após as operações contra Ramagem e Jordy, que tiveram gabinetes na Câmara dos Deputados investigados por agentes, líderes da oposição chegaram a acionar o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para pedir ações contra supostos “abusos” do STF.
Na volta dos trabalhos após o recesso de Carnaval, o grupo pretende iniciar ações de protesto contra as operações da PF.
Os parlamentares exigem que Moraes seja afastado da relatoria de inquéritos como o dos atos antidemocráticos, uma vez que ele seria uma das vítimas dos planos golpistas revelados pela operação da PF.
Em coletiva de imprensa feita após a Tempus Veritatis, que revelou os planos de golpe de Estado, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que as últimas operações são um “contorcionismo para inibir a oposição”.
Marinho argumentou que “o que era excepcional está sendo banalizado”. “O princípio do juízo natural, da imparcialidade, da impessoalidade, o devido processo legal está sendo deixado de lado em nome da defesa da democracia, e isso fragiliza a democracia brasileira”, avaliou.
“Não é possível nós assistirmos uma investigação em que claramente aquele que é a pretensa vítima dessa ação é quem conduz o inquérito. Não é possível imaginarmos que há imparcialidade neste processo”, continuou.