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Bolo, arsênio e mortes: o que se sabe sobre caso da família intoxicada

Polícia investiga possível envenenamento e considera a hipótese de intoxicação alimentar por produtos vencidos. Três pessoas morreram

atualizado

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Imagem colorida de bolo que fez família passar mal e ao lado, substância arsênio - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de bolo que fez família passar mal e ao lado, substância arsênio - Metrópoles - Foto: Reprodução/Getty Images

Três pessoas da mesma família morreram após consumirem um bolo durante um café da tarde em Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Outras quatro pessoas, incluindo a mulher que preparou o doce, também passaram mal; duas seguem hospitalizadas até o momento.

O caso aconteceu na última segunda-feira (23/12) e está sob investigação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), que considera a hipótese de intoxicação alimentar por produtos vencidos e não descarta envenenamento.

Análises preliminares, divulgadas na sexta-feira (27/12), indicaram a presença de arsênio no sangue de uma das vítimas e de dois sobreviventes. A substância é extremamente tóxica e pode levar à morte.

Reunião familiar e o início dos sintomas

Na tarde de segunda-feira (23/12), sete pessoas de uma mesma família se reuniram em uma casa em Torres (RS). Durante o café, um bolo preparado por uma das participantes do encontro foi servido.

Apenas uma pessoa não consumiu o doce. Minutos após a refeição, seis pessoas começaram a se sentir mal.

Imagem colorida de bolo - Metrópoles
Seis familiares passaram mal após comer bolo em Torres (RS)

Entre as vítimas, está a mulher que preparou o bolo em sua casa, em Arroio do Sal, antes de levá-lo para o encontro. Ela seria a pessoa que ingeriu a maior quantidade do alimentos — dois pedaços — e também passou mal e precisou ser hospitalizada.

Quem são as vítimas

Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, e Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos, foram as primeiras a falecer, ainda na segunda-feira, após sofrerem parada cardiorrespiratória, de acordo com o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres.

A terceira vítima, Neuza Denize da Silva dos Anjos, 65 anos, morreu na terça-feira (24/12). Segundo o hospital, a causa da morte foi registrada como “choque pós-intoxicação alimentar”.

Imagem colorida das três mulheres mortas após comerem bolo - Metrópoles

Os corpos de Maida e Tatiana foram velados e enterrados na quarta-feira (25/12).

Das quatro pessoas que sobreviveram, duas permanecem hospitalizadas: uma criança de 10 anos e a mulher que preparou o bolo. Outra pessoa já recebeu alta, mas sua identidade não foi divulgada.

Investigações

A Polícia Civil recolheu amostras dos alimentos consumidos no encontro para perícia e encaminhou os corpos das vítimas para necropsia no Instituto-Geral de Perícias (IGP).

Na casa da mulher que fez o bolo, foram encontrados produtos vencidos, incluindo a farinha utilizada na receita.

O delegado responsável pelo caso, Marcos Vinícius Veloso, afirmou que a principal suspeita é que tenha ocorrido intoxicação alimentar por alimentos vencidos. No entanto, ele não descarta a possibilidade de envenenamento.

O caso ganhou contornos ainda mais graves após a polícia relacioná-lo à morte do ex-marido da mulher que fez o bolo. Ele faleceu em setembro, supostamente por intoxicação alimentar.

Na época, a causa foi considerada natural e não investigada. Agora, o corpo será exumado para verificar possíveis conexões com o atual incidente.

Arsênio

Resultados preliminares, divulgados na sexta-feira (27/12), indicam a presença de arsênio no sangue de uma vítima e de dois sobreviventes que ingeriram um bolo durante um encontro familiar. Essa substância, altamente tóxica, pode provocar danos graves à saúde e, em casos extremos, ser letal.

Foram analisadas amostras de sangue da mulher responsável pela preparação do bolo, de seu sobrinho-neto de 10 anos e de Neuza Denize Silva dos Anjos, uma das vítimas. A mulher e o menino seguem internados, mas estão “clinicamente estáveis”, segundo informações médicas.

O arsênio é um metal encontrado naturalmente em águas subterrâneas e em diversos alimentos, como frutos do mar, carne, frango e cereais. Em concentrações elevadas, torna-se tóxico.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a exposição prolongada ao arsênio pode levar a problemas de saúde severos, incluindo câncer, doenças cardíacas, diabetes, alterações no desenvolvimento e danos ao sistema nervoso.

Entre os sinais de contaminação, estão vômitos, dores abdominais e diarreia. Em casos de exposição prolongada, podem surgir alterações na pigmentação da pele, lesões cutâneas e, em situações mais graves, câncer de pele.

Reconhecido pela OMS como um dos 10 químicos mais preocupantes para a saúde pública, o arsênio deve ser evitado, sempre que possível, para prevenir esses riscos.

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